ISSN 2359-5191

06/08/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 70 - Educação - Faculdade de Educação
Pesquisador propõe modelo familiar para enfrentar problemas da educação
Proposta ajudaria combater falta de vagas, “educação de massa” e limitações do sistema escolar

Édison Prado de Andrade defendeu, em sua tese de doutorado, a educação familiar desescolarizada. Sua pesquisa, apresentada para a Faculdade de Educação da USP em 2014, busca mostrar os benefícios e a viabilidade dessa proposta, e esclarecer as dúvidas geradas pelo tema.

“O modelo escolar, em minha opinião, não comporta mais as demandas do mundo pós-moderno.”, diz o pesquisador. “Alguns autores falam em necessidades radicais de tempo livre, de convivência, de orientar os indivíduos para uma forma não egoísta de vida. Alio-me a eles. Acredito que as escolas, em seu modelo tradicional, não apresentam condições de favorecer estas necessidades.”

Édison parte da premissa de que educação é um conceito diferente e mais abrangente do que escolarização ou ensino, ainda que os três estejam intrinsecamente associados. Segundo acredita, aquela é responsabilidade da família, e abrange diversos níveis: educacional, físico, mental, moral, espiritual e social. Os dois últimos restringem-se à uma ou algumas dessas esferas, ainda que os três conceitos não possam se dissociar completamente.

O educador admite dificuldades para que se estabeleça o modelo de educação familiar desescolarizada, como por exemplo, problemas de ordem econômica, limitações no domínio do conteúdo ou da forma de conduzir o aluno à sua compreensão, ou mesmo a redução da interação social. “Reconheço que as crianças se desenvolveriam melhor sob o ponto de vista do desenvolvimento social caso tivessem a possibilidade de conviver de modo mais amplo. Para isso, proponho o modelo Parceria Família-Escola.”

O modelo tem os pais como protagonistas, mas pressupõe e estabelece uma parceria com a escola e o Estado: “ As escolas em que as crianças estivessem matriculadas ofereciam apoios diversos, de acordo com a demanda dos pais. Haveria visitas domiciliares de professores durante o período letivo, e as escolas ofereceriam espécies de plantões orientados por área de interesse de cada criança.”

O doutor sustenta sua proposta afirmando que a frequência escolar obrigatória é recente (data do período do regime militar) e que traduz a indevida equivalência atribuída aos conceitos de educação e escolarização.

O pesquisador se refere a esse modelo de formação como “educação de massa”. Isso porque entre suas principais deficiências estão a generalização de conteúdos e abordagens e a perda de um desenvolvimento que respeite a individualidade de cada aluno. Segundo Édison, tal aprimoramento seria melhor realizado no contexto familiar.

“A sociedade pós-moderna é diferente da sociedade do pré-milênio”, diz. “Não se pode imaginar e querer que a socialização de crianças se dê em escolas, que segregam as crianças de acordo com faixas de renda e formação cultural. É na esfera familiar e comunitária que as socializações das crianças precisam se dar, na esfera dos relacionamentos que naturalmente se formam em torno da criança.”

E continua: “Além disso, não é verdade que a escola forma crianças com um viés democrático, e com um sentido de tolerância para com o diferente. É muito provável o contrário, tomando por base os fatos corriqueiros que as escolas vivenciam. A escola é um lugar fortemente caracterizado por violências, violências algumas delas produzidas e reproduzidas na própria escola.”

De acordo com Édison, o primeiro passo é desconstruir a dicotomia Estado versus Família, e substituí-la por uma cooperação, uma parceria. Somente assim, diz, pode-se ampliar a forma como se concebe a formação de um indivíduo, e atingir melhores resultados em todas as instâncias previstas na Constituição.

Assim sendo, conclui: “O modelo que proponho diminuiria o gigantismo dos sistemas de ensino, máquinas inoperantes e ineficazes, e recuperaria a função precípua do professor de ensinar, e restabeleceria o dever dos pais em promover a educação de seus próprios filhos, ao invés de esperarem que a escola e o Estado realizem isso, o que se tem mostrado ineficaz.”

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