Acordar de manhã, com fome, e comer um pão com creme de chocolate. Complicado começar o dia ingerindo tantas calorias assim de uma vez - apesar de muitas pessoas terem este hábito. O pão tem o amido que, depois, se transforma em glicose; o chocolate, além de ter açúcar, também possui uma quantidade enorme de gordura. Como muitas pessoas enfrentam uma rotina corrida, é difícil conseguir fazer uma primeira refeição do dia com alimentos saudáveis. Mas pesquisa desenvolvida na Faculdade de Ciências Farmacêuticas fará com que os gulosos da manhã comam o pão com o creme doce com menos culpa. Poliana Fernandes, sob orientação de Suzana Lannes, criou um spread de chocolate especial: ela retirou a gordura da pasta e, no lugar dela, colocou gelatina de frango.
Poliana pegou pés de frango, que normalmente são descartados ou enviados a centros de produção de ração, e extraiu dos tendões deles uma gelatina. Na sequência, a tecnóloga retirou entre 15 e 100% da gordura do creme de chocolate convencional (que foi produzido em laboratório) e, no lugar, inseriu diferentes concentrações dessa gelatina. Foram feitos vários experimentos (substituição de 15%, 25%, 50%, 75% e 100%). As responsáveis pela pesquisa notaram não houve variação no sabor do spread, apenas uma mudança na consistência do creme e na facilidade com que ele se espalha pela superfície do pão.
Como o experimento consistia na diminuição da quantidade de gordura do spread, ele acabou ficando muito mais leve. Além disso, por possuir muita proteína, a gelatina transportou este nutriente para o doce. Resultado: o creme é menos nocivo para a nossa saúde e mais saudável. Poliana Fernandes também disse que 25g da pasta de chocolate com 100% de substituição de gordura por gelatina tem a mesma quantidade de calorias que uma barrinha de cereais light.
Com o intuito de verificar a possibilidade do proposto spread ir para as prateleiras dos supermercados, Poliana também realizou testes de durabilidade pra verificar quanto tempo o doce durava exposto à temperatura ambiente e dentro da geladeira. Em alguns experimentos o creme chegou a durar até seis meses fora da geladeira. “Esse resultado é muito interessante, porque prova que o produto que desenvolvemos poderá ser comercializado sem nenhum tipo de problema”, comentou Poliana.
Os benefícios desta invenção estão claros e são inegáveis, mas é fundamental saber também se o doce desenvolvido por Poliana Fernandes tem um sabor agradável. No mês de novembro será realizada uma experiência sensorial com a comunidade USP. Todos que passarem pelo teste receberão uma ficha pra falar sobre impressões, sensações… Alguns frequentadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas já provaram o spread sem compromisso, e disseram que o gosto é semelhante ao de um creme comum, segundo o relato da pesquisadora responsável pela sobremesa inovadora.