O campus Butantã da USP tornou-se um dos espaços mais utilizados pelos paulistanos para praticar a corrida e o ciclismo. Com o crescimento expressivo de assessorias esportivas em São Paulo - organizações que provêem avaliação, montagem e acompanhamento do treino de atividade física ao ar livre - o processo se intensificou. Dados levantados demonstram que hoje, as que atuam no campus, movimentam só em relação aos serviços de treinamento, cerca de 2 milhões e setecentos mil reais ao mês.
Com isso em mente, uma dissertação de mestrado de Marino Benetti, da Escola de Educação Física e Esporte da USP (EEFE-USP), foi atrás de um diagnóstico de aspectos da ocupação das áreas comuns do Campus com vistas a levantar elementos para a construção de um plano de gestão dessa atividade. A pesquisa foi desenvolvida com auxilio do GEPAE - Grupo de Pesquisa em Gestão do Esporte e através de diversas parcerias com órgãos administrativos da USP e algumas externas como agências de marketing esportivo e portais para o público que pratica atividade física regularmente. A orientação foi da professora Flávia da Cunha Bastos da EEFE.
A pesquisa tem caráter descritivo, ou seja, é composta de relatos objetivos e completos de ocorrências registradas na Guarda Universitária, na Prefeitura do Campus e na Ouvidoria. Também foram aplicados dois questionários on-line: um para assessorias esportivas e outro para praticantes. Tudo a partir de dados dos anos 2013 e 2014. “Prioritariamente, as assessorias esportivas oferecem seus treinamentos no Campus da USP devido à demanda dos praticantes”, comenta Marino. A variação de percurso, a proximidade de casa ou do trabalho e arborização intensa também favorecem os treinos longos na USP, e segundo o pesquisador, estão entre as causas da preferência do público em geral pelo local.
Problemas identificados
“As principais ocorrências registradas na guarda universitária estavam relacionadas a furtos em veículos, seguidos de acidente pessoal e atropelamento, e ocorreram prioritariamente no período matutino”, aponta Marino. Todo o levantamento de dados pode e deve ajudar na criação de políticas focadas na resolução dos problemas. Além da questão da segurança, nota-se que os acidentes não ocorrem majoritariamente em períodos com menor iluminação.
A queda de ciclistas foi a principal ocorrência notificada no serviço de ambulância e a principal forma de reclamação registrada é sobre a prática de ciclismo tanto na Ouvidoria como na Prefeitura do Campus. Só em 2014, segundo ano estudado na pesquisa, o número de paulistanos usando bicicletas como meio de transporte cresceu 50%. Não é de se estranhar que a infra-estrutura para ciclistas atletas também mereça mais atenção.