ISSN 2359-5191

04/04/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 31 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
Pesquisadores descobrem composto capaz de impedir metástase do câncer de mama
Reprodução


Um dos maiores problemas de saúde pública mundial é o câncer de mama. Este é o segundo tipo de câncer mais frequente na população e o mais comum entre mulheres. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), aproximadamente 58 mil novos casos de câncer de mama são diagnosticados anualmente apenas no Brasil. Nos casos mais sérios, geralmente quando a doença é descoberta tardiamente, é altíssimo o risco do câncer ter entrado em metástase, ou seja, quando a doença se espalha pelo corpo atacando outros locais além da mama. A professora Glaucia Maria Machado Santelli coordena, no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, uma pesquisa que descobriu substâncias que combatem a metástase desse tipo de câncer.

A professora Glaucia, do departamento de Biologia Celular e do Desenvolvimento, buscou nos organismos marinhos moléculas novas que tivessem a capacidade de atacar as células tumorais. Ela e sua equipe passaram a trabalhar com esponjas marinhas sésseis, ou seja, que não se movem, mas possuem alta capacidade de sintetizar uma série de moléculas visando combater seus predadores. Foi, exatamente, esse mecanismo de defesa que levou a pesquisadora a investigar o potencial das substâncias desses animais.

Após realizar várias coletas de material marinho e testá-lo em colônias de células tumorais, a equipe de pesquisa do ICB conseguiu isolar as moléculas que possuem a atividade de atacar as colônias cancerígenas. A professora Gláucia explica que não foi fácil, foram realizadas atividades minuciosas até chegar aos resultados. “Foi um trabalho longo porque você começa com muitos compostos e sobram alguns que no final realmente apresentaram tal atividade”, conta.

Batizado de Geodiamolídeo, o composto estudado proveniente de esponjas marinhas, demonstrou atividade contra células que atacam a mama humana. A pesquisadora e sua equipe perceberam que o Geodiamolídeo combatem a cultura de célula tumoral induzindo sua morte. “O crescimento de um câncer é um equilíbrio. De um lado, temos células doentes crescendo e do outro temos células  morrendo por um processo de morte programada. Então se a proliferação é grande, teremos um tumor que cresce muito rápido, que tende a ser muito agressivo. Se eu diminuo a proliferação [das células doentes, eu estou controlando esse tumor”, detalha a pesquisadora.

A equipe de pesquisa também conseguiu desvendar a maneira como age essa droga. Segundo a professora, o Geodiamolídio ataca preferencialmente o citoesqueleto da célula tumoral. Atingindo essa parte da célula cancerígena o tumor não consegue migrar para outros órgãos do corpo, evitando, assim, a metástase. “O que essa droga faz essencialmente é diminuir a capacidade de migração celular do tumor, pois ela ataca o citoesqueleto, responsável por essa movimentação. É uma droga que vai atuar preferencialmente no controle do que chamamos colonização do tumor, a metástase”, explica Glaucia.

O grupo de pesquisa da professora Glaucia continua os estudos com o objetivo de desenvolver tecnologias que podem ser utilizadas, por exemplo, na indústria farmacêutica.


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