ISSN 2359-5191

11/05/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 55 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Uso da nanotecnologia na produção de medicamentos biológicos
Grupo de pesquisadores desenvolve polimerossomos, um tipo de material inovador no Brasil para otimizar o tratamento de leucemia
Representação esquemática e imagem de microscopia eletrônica de transmissão (MET) dos polimerossomos de PEG-PLA contendo a enzima L-asparaginase. (Fonte: Laboratório de Nanobiotecnologia da FCF/USP – Alexsandra Conceição Apolinário, Juliana Pachioni-Vasconcelos).

Um grupo de pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, coordenado pela Profa. Carlota Rangel Yagui, em colaboração com Leandro Ramos Souza Barbosa do Instituto de Física, vem desenvolvendo projeto que utiliza uma tecnologia nova de nanopartículas para encapsular a L-asparaginase, enzima que constitui um remédio utilizado no tratamento de leucemia.

A leucemia linfoide aguda, explica Yagui, é um tipo de câncer raro, porém com alta incidência em crianças. A proteína L-asparaginase era utilizada normalmente no tratamento porém, em 2013, a empresa estrangeira de quem o Brasil importava o fármaco interrompeu o fornecimento, e como não há produção nacional da substância, o país ficou sem acesso. Diante disso, o professor Adalberto Pessoa Junior, também da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, iniciou um projeto de produção da substância que é extraída de bactérias. A pesquisa de Yagui é uma das vertentes deste projeto maior, que tem colaboração com diversas universidades do país e do exterior, incluindo o King’s College London.

Com o objetivo de encapsular a proteína, que é um dos fármacos essenciais recomendados pela Organização Mundial da Saúde, o grupo buscou desenvolver vesículas poliméricas. Os polimerossomos são um material muito novo, pouco estudado no Brasil, e foram escolhidos por permitir que se trabalhe melhor as suas características do que outros materiais usualmente utilizados como os lipossomos, por exemplo. Esses polimerossomos, Yagui explica, “são vesículas mais robustas, que permitem trabalhar com mais facilidade o tamanho das porções poliméricas e, dessa forma, ajustar as características para maior encapsulação da L-asparaginase e para a circulação de forma adequada no organismo”.

Em um ano e meio de estudos, os pesquisadores conseguiram preparar as vesículas e encapsular uma taxa de 15% da proteína, valor significativo neste tipo de processo. A importância de se produzir um material que envolva o fármaco são as melhorias que isso traz para o tratamento. Carlota explica que, sem essa tecnologia, a L-asparaginase tem efeitos colaterais como alergias e resistência do organismo. Encapsulada, a substância proteica consegue transitar pelo corpo por mais tempo e de forma mais efetiva. A professora explica que “como é um fármaco proteico, degrada mais fácil no corpo” e que “qualquer opção nanotecnológica que proteja esse fármaco e que consiga fazê-lo circular por mais tempo traz ganho em termos terapêuticos”, uma vez que o intervalo entre doses seria maior e as reações adversas no organismo menos frequentes.

Outro avanço que o uso da nanotecnologia traz para o tratamento da leucemia é um direcionamento indireto da terapia. Segundo Yagui, substâncias proteicas como a L-asparaginase têm dificuldade de penetrar em certos tecidos enquanto “nanoestruturas penetram melhor em tecidos tumorais do que em tecidos saudáveis e também em alguns tecidos específicos como, por exemplo, a medula óssea”.

As próximas etapas do projeto são testar a liberação e verificar a enzima encapsulada em linhagens de células tumorais.

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