ISSN 2359-5191

01/06/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 67 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Pesquisa busca auxiliar no mapeamento do subsolo urbano
Estudo encomendado pela Comgás pode estimular empresas a utilizar com mais frequência os métodos da geofísica aplicada antes do início de obras subterrâneas
Imagem do equipamento GPR em uso durante as pesquisas. / Fonte: GSSI (Geophysical Survey Systems Inc).

Um projeto em curso no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG-USP) busca localizar com mais precisão interferências realizadas no subsolo urbano através de métodos da geofísica – o GPR (Gorund Penetration Radar) e o ER (Electrical Resistivity). Os experimentos foram encomendados pela Comgás, como forma de prevenir acidentes e obstáculos às obras realizadas pela companhia. O projeto é um dos primeiros no estado de São Paulo a utilizar esses métodos para mapear o subsolo urbano, e poderá abrir precedentes para incentivar o uso da Geofísica Aplicada no âmbito da construção civil, de modo a prevenir operações mal sucedidas e acidentes potencialmente perigosos.

A pesquisa baseia-se na combinação entre os métodos GPR e ER, ambos amplamente utilizados no campo da geofísica. O GPR é um método que opera emitindo ondas eletromagnéticas de alta frequência, que sofrem reflexão quando encontram algum objeto com diferentes características elétricas no subsolo. A partir dessas ondas, o equipamento forma uma imagem de alta resolução da área subterrânea que foi mapeada. Apesar de ser um método eficiente, porém, o GPR apresenta limitações quando utilizado em um meio condutor de corrente elétrica (um terreno alagado, por exemplo, não seria ideal para a utilização do equipamento, já que a água conduz corrente elétrica).

Já o ER é um método baseado na diferença de resistividade elétrica de um objeto em relação ao meio em que está inserido. Assim, o ER identifica facilmente um objeto condutor em um meio que conduz pouca corrente elétrica, e vice versa. Apesar de não possuir a mesma resolução que o GPR, o ER pode auxiliar a localizar alvos mais profundos, e em locais onde o GPR não atuaria tão bem. “O GPR tem maior resolução do que o ER, mas em um meio muito condutor, as ondas eletromagnéticas do GPR ficam atenuadas. Então, o ER visa complementar o GPR. O ER pode ajudar em alvos maiores, ou em vazamentos de água. Trabalhando com os dois juntos, nós temos uma segurança maior na hora da interpretação”, explica Vagner Roberto Elis, professor do IAG e integrante do projeto.

No caso específico do projeto, está sendo utilizado um novo tipo de equipamento ER, chamado ER capacitivo, que, segundo o pesquisador, está obtendo melhores resultados em solo urbano do que o método tradicional: “Temos um equipamento novo de ER, que transmite uma corrente elétrica de baixa frequência ao subsolo. O aparelho pega a resposta dessa corrente e, assim, obtém a resistividade do meio investigado. Esse equipamento consegue mapear alvos um pouco mais profundos que o GPR”.

Equipamento GPR utilizado durante o projeto. / Fonte: GSSI (Geophysical Survey Systems Inc)

O mapeamento do subsolo urbano é algo bastante relevante no âmbito da construção civil, já que nem sempre existe um registro completo do que se encontra instalado no subterrâneo. Ainda hoje existem obras e objetos antigos enterrados dos quais não se tem registro. Outro problema frequente é que, mesmo tendo à disposição a planta de certas obras realizadas, é possível que o que está registrado não tenha sido seguido à risca. “Muitas vezes, nós temos a planta do local, que mostra onde estão instalados fios e outros objetos. Porém muitas vezes a planta não é feita as built (como foi construído). Então existe uma incerteza com relação às plantas, quando elas existem”, afirma Vagner.

Apesar de seu potencial, a utilização de métodos geofísicos em obras de construção civil ainda é restrita. A maioria dos fatores que a inibem está relacionada aos custos dos equipamentos e à dificuldade de operar os instrumentos. Como forma de estimular o uso da geofísica aplicada, o projeto prevê um treinamento com os técnicos da Comgás para que eles possam operar esses equipamentos. A ideia é que outras empresas que realizam obras e reparos no subsolo urbano sejam motivadas a recorrer aos métodos geofísicos antes de iniciarem as operações.


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