"Vim para Rondônia para uma pesquisa de apenas dois anos. Mas já faz
17 anos que estou aqui", conta o Prof. Marcelo (ao centro), acompanhado
por Junior (à esquerda) e Leonardo.
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Além
das cidades, a população
do Estado estava espalhada em lugares de
difícil acesso: sobretudo ribeirinhos, às
margens dos numerosos rios, e trabalhadores
rurais, que foram a Rondônia para
ocupar as terras cedidas pelo Incra (Instituto
Nacional de Colonização e
Reforma Agrária). “Se hoje o sistema
de saúde de Rondônia ainda é precário,
naquela época ele não existia”,
conta o professor Marcelo. “Não
havia infectologistas no Estado. Não
sabiam tratar malária, picada de
cobra, leishmaniose, que são doenças
comuns aqui. Cheguei também a ver
muita transfusão de sangue feita
de braço a braço, sem controle
nenhum”, acrescenta.
A USP junto com o governo de Rondônia,
foi responsável pela criação
e adaptação de diversos
núcleos de saúde no interior
do Estado. O professor estava tão
envolvido com as pesquisas e com o desenvolvimento
da infra-estrutura de saúde da
região que o Departamento de Parasitologia
do ICB permitiu que ele se estabelecesse
em Rondônia. E poucos anos depois,
em outubro de 1996, a USP chegava Monte
Negro.
Depois do dr. Marcelo, Leonardo Fortunato é o
funcionário mais antigo do ICB5. “A
primeira vez que vim para Rondônia
foi para montar o primeiro laboratório
em Monte Negro. Então Erney Camargo
(Professor Emérito do ICB/USP
e atual presidente do CNPq) e o dr. Marcelo
me convidaram para trabalhar no ICB5.
E assim viemos eu, minha mulher e meu
filho para cá, há seis
anos”, recorda Leonardo.
Antes do ICB5, o pernambucano Leonardo
trabalhava no Instituto de Ciências
Biomédicas da Cidade Universitária,
em São Paulo. “Eu já tenho
mais de 20 anos de USP. Trabalhei também
no Hospital Universitário, que
foi, inclusive, onde meu filho nasceu”,
conta ele, muito satisfeito com a vida
em Rondônia. “Eu nem penso em voltar
para São Paulo. Vivi lá por
30 anos e me cansei. Como eu morava em
Cotia, tinha que levantar muito cedo
para trabalhar. Aqui eu venho para o
trabalho de bicicleta. Além disso,
Monte Negro é mais a minha origem.” E
arremata: “O ICB5 é um lugar muito
bom para trabalhar”.
Com a participação do
professor no projeto do PNUD (Programa
das Nações Unidas para
o Desenvolvimento), que mapearia as áreas
de risco em Rondônia para ocorrência
de doenças endêmicas, surgiu,
com a participação da USP,
o primeiro Programa de Saúde da
Família (PSF) da Amazônia,
que consistia em levar a assistência
médica às populações
mais afastadas, ao invés de esperar
por elas nas cidades. “Eu adotei esse
modelo de atendimento como meu projeto
de pesquisa por cinco anos. Começaram
a surgir então outras pesquisas,
sobre diversas doenças tropicais.
E foi nesse bojo que surgiu o ICB5, com
um laboratório de apenas 16 m²”,
conta o professor. |