Dilemas Éticos na Doação e Órgãos


© Cecília Bastos
Coordenador da OPO/HC, Leonardo Borges

A importância desse altruísmo é ilustrada no site da ABTO. A página tem várias histórias comoventes de familiares que decidiram doar os órgãos de seus parentes (maridos, mulheres, irmãos) com o intuito de ajudar estranhos em risco de morte. As narrativas demonstram conforto nos familiares do falecido e a superação de quem recebeu o transplante.

Por que, então, tanta gente resolve não doar? Será egoísmo?

Segundo a pesquisadora do Laboratório de Estudos da Morte do Instituto de Psicologia da USP, Ingrid Esslinger, a recusa não deve ser encarada como um gesto de egoísmo por se tratar de uma decisão extremamente difícil para a família (veja “História de uma doação”).

“O profissional da saúde vai lidar com dois tipos de tempo. Um é o cronológico, em que ele deve se apressar para fazer a retirada dos órgãos e o transporte sem perder nada. Essa parte é técnica e objetiva”, diz Ingrid.

“Mas também existe o tempo subjetivo. Durante a morte repentina, como são os casos de morte cerebral, a família sofre muito, pois nem teve tempo de se preparar. Os parentes vão tomar uma decisão muito abalados. Ali, não será feita a retirada de órgãos de um corpo, mas sim do ente querido. Os profissionais precisam respeitar esse tempo e a decisão, qualquer que seja, para evitar mais sofrimento aos familiares.”

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