As Faces do centrinho


arquivo/ centrinho
Hoje 761 colaboradores cumprem a missão do Centrinho.

 

 

 

 

 

 

 

 

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Charles de Jesus (esq) e Charles Melo dos Santos trocam cartas de baralho e experiências de vida.

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Humanizar é diferente de paparicar.

 

 

 

 


Um hospital no meio do caminho

O diminutivo do nome engana, afinal o Centrinho – hoje, Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC/USP) - se transformou mesmo num centrão. Mas nem por isso perdeu o jeito carinhoso e humanizado do início da década de 70, quando seus primeiros funcionários se tratavam como familiares. Hoje, a missão traçada há quatro décadas é cumprida por 761 colaboradores.

Quem adentra as salas do Hospital logo percebe a presença de pessoas de diversos sotaques, que de cara demonstram ter vindo de longe... Nos registros de matrícula já somavam 69.417 (45.420 com anomalias craniofaciais e 23.997 com deficiência auditiva), até março de 2007.

A maioria delas (55%) vem de cidades do Estado de São Paulo. As demais (45%) completam a diversidade cultural que marca o restante do País. Na face está o principal foco do trabalho da equipe - pioneiro no Brasil com base na filosofia de atendimento integral e interdisciplinar, oferecido via SUS (Sistema Único de Saúde).

Todos os dias, cerca de 15 novos pacientes chegam aos guichês do Centrinho/USP ansiosos pela primeira consulta. São os chamados casos novos. Outros 240 brasileiros recebem atendimento de rotina no ambulatório do Hospital, incluindo as áreas de enfermagem,  fonoaudiologia, odontologia, psicologia, pediatria, otorrinolaringologia, assistência social, fisiologia, fisioterapia e demais profissionais que apóiam o atendimento hospitalar.

Uma dessas histórias é do técnico em eletrônica Charles Melo dos Santos, 30, que há uma década freqüenta o hospital para correção de sua fissura de lábio e palato. Morador de Manaus/AM (3.765 quilômetros de Bauru), ele costuma enfrentar três pontes aéreas e um dia todo de viagem para ser atendido. Esforço que afirma valer a pena – somente no Centrinho/USP foram seis cirurgias. “Hoje me sinto bastante satisfeito com a recepção que recebo no hospital”, diz.

A satisfação é dividida em uma mesa de bate-papo com o xará Charles Felipe Caetano de Jesus, 16 anos, de Belo Horizonte (731 quilômetros de Bauru). Enquanto repousam de suas cirurgias, os dois pacientes trocam cartas de baralho e experiências de vida. Amazonense e mineiro provavelmente nunca se conheceriam
se o Centrinho/USP não estivesse no meio do caminho. As trajetórias diferentes não impedem que se ajudem na tarefa de esquecer a saudade de casa.

Aliás, o envolvimento de pacientes com a filosofia da instituição não é exceção no hospital. A mesma relação de proximidade levou o jornalista Gustavo Prudente, 25 anos, também paciente, a escrever o livro Sopa de Pizza - Histórias de Gente Diferente, que contém depoimentos colhidos no Centrinho/ USP e hoje aguarda a oportunidade de publicação. “Ao voltar ao Centrinho, para realizar minha reportagem, percebi que a equipe do hospital se pôs do meu tamanho, mas sem se agachar. Eles me deram a mão para que eu pudesse levantar à altura de seus olhos”, lembra Prudente, num verdadeiro sinal de que, nestes 40 anos, para o Centrinho/USP humanizar é diferente de paparicar.

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