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Sergio Castelani e Danilo Igliori, do NEREUS, recebem Prêmio Capes de Tese 2014

Título: Forests and cities: essays on urban growth and development in the Brazilian Amazon
Autor: Sergio André Castelani
Orientador: Danilo C. Igliori

Resumo

A Amazônia Brasileira vem passando por um processo de crescimento populacional e urbanização nas últimas décadas. Sua população urbana passou de 42% para 71% entre 1960 e 2010, e na última década o crescimento populacional da região foi de 21%. Tais processos trazem consigo consequências importantes não apenas em termos econômicos, mas também em termos ambientais, especialmente se considerando que a maior floresta tropical do mundo está localizada nesta região. No entanto, este aspecto é ainda pouco estudado pela literatura econômica.

Tendo isto em vista, este trabalho se propõe a estudar alguns aspectos econômicos e ambientais relacionados este quadro, divididos em três ensaios.

No primeiro, são utilizados métodos de econometria espacial, baseados em modelos de economia espacial, para investigar se este processo de urbanização tem causado desenvolvimento econômico local. E os resultados sugerem, conforme prevê a literatura teórica de Economia Urbana, uma resposta bastante afirmativa.

No segundo ensaio, informações a respeito da estrutura produtiva e do uso do solo na Amazônia Brasileira são cruzadas em um modelo Inter-regional de Insumo-Produto, que mede o quanto do desmatamento anual da floresta Amazônica é devido ao consumo de bens e serviços por parte das famílias que vivem na região, considerando toda a cadeia produtiva brasileira, com enfoque para a demanda provinda das áreas mais urbanizadas da região. Os resultados mostram que apesar população local da Amazônia representar apenas 13% do total da população brasileira, ela gera cerca de 27% do desmatamento total anual na região. Além disso, a demanda das famílias que vivem nas Regiões Metropolitanas da Amazônia é responsável por mais da metade desta taxa, apesar de apenas 25% da população da Amazônia viver em tais regiões. Em termos per capita, os resultados mostram que um indivíduo vivendo na Amazônia gera 2,2 vezes mais desmatamento do que um indivíduo vivendo no Resto do Brasil. Mais ainda, um indivíduo vivendo nas Regiões Metropolitanas da Amazônia causa 7,7 mais desmatamento do que aquele que vive fora da Amazônia brasileira.

No terceiro ensaio, é desenvolvida uma metodologia econométrica que investiga os determinantes dos fluxos migratórios entre a Amazônia Brasileira e o restante do Brasil. Tal metodologia faz uso de estimadores que levam em conta problemas econométricos comumente atribuídos à modelagem de fluxos migratórios, como a seleção amostral relativa a potenciais diferenças de habilidade entre migrantes e de não migrantes. Encontramos evidência de que os fluxos imigratórios e emigratórios relativos à Amazônia se encontram equilibrados atualmente, e portanto, é o crescimento vegetativo local que vem alimentando o crescimento populacional e a urbanização da região. Além disso, as motivações que levam indivíduos a se mudarem para a Amazônia são distintas daquelas que levam pessoas a se deixarem a região: os primeiros buscam maiores níveis imediatos de renda, enquanto os últimos procuram municípios com melhores níveis educacionais.

Assim, encontramos evidências de que a urbanização e crescimento populacional têm causado um “trade-off” econômico-ambiental indesejado e relevante na Amazônia brasileira, que certamente deve ser levado em conta por formuladores de futuras políticas de desenvolvimento econômico e preservação ambiental.


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