Este estudo pretende discutir, dentro da estrutura do conto "Uma Estória de Amor", de João Guimarães Rosa, o papel e o significado de que se reveste a festa organizada na fazenda Samarra pelo seu protagonista. Mesclam-se, ao longo dos três dias de festa, o sagrado e o profano, ao mesmo tempo que se desenha um espaço ritual que leva Manuelzão ao confronto com seu destino.
Este trabalho visa discutir a constituição do ponto de vista no conjunto de novelas reunidas em Corpo de Baile, de João Guimarães Rosa, a partir da hipótese de que a emergência das classes populares como novo ator social durante a Era Vargas (1930-1945 e 1951-1954) é fator preponderante para criar as condições de possibilidade de formação de uma instância narrativa, na obra do escritor mineiro, que, se parece ter correspondido à nossa experiência histórica naquela quadra já não pode ser recriada, sob pena de escamotear o processo de fragmentação social em curso.
Guimarães Rosa and James Joyce are very frequently compared due to the experimental nature of their work. This paper argues, however, that there are significant differences in their experimentalism and that Rosa engages in a long-standing tradition in Brazilian literature that explores and at the same time challenges the potentialities of regional culture. His work configures a dialectical interplay between erudite and popular sources, oral and written language, modern and traditional forms. The sertão – the backlands – as envisaged by him is shaped as a landscape which is both imaginary and real, concrete and symbolic, geographical and cultural.
Este estudo visa retomar a questão do coronelismo e jagunçagem em Grande sertão: veredas e discuti-lo, dentro de uma perspectiva histórica, como um agudo ensaio sobre a liquidação do coronelismo durante a Primeira República. O banditismo e a violência atravessam seu enredo e lhe determinam, em grande parte, o movimento e desfecho. No cruzamento entre Literatura e História, Grande sertão: veredas pode contribuir para iluminar, a partir da perspectiva de um participante do mundo da jagunçagem, o modo como se estabeleceram as relações de poder vigentes no sertão brasileiro durante a República Velha, envolvendo fazendeiros, bandos de jagunços e milícias.
Este artigo pretende percorrer os sentidos de sertão e sertanejo, tal como foram construídos no âmbito da literatura brasileira, pensando-os como emblemas de visões de nação e nacionalidade e propondo-os como sentidos que convivem e se confrontam na obra de João Guimarães Rosa. Busca ainda, destacando algumas semelhanças entre duas falas (a de Riobaldo, no plano ficcional, e a de Manuelzão, no plano histórico), discutir como a memória desempenha um papel fundamental na construção daqueles sentidos.