A literatura é uma forma de expressão da realidade e do cotidiano, que são tecidos por diversos fios, sendo um deles o da violência. Este trabalho tem como objetivo analisar a representação da violência por meio da escrita e por meio audiovisual do conto “O duelo”, publicado na obra Sagarana, de Guimarães Rosa, e na adaptação cinematográfica homônima, dirigida por Paulo Thiago. Por meio de um estudo de cunho bibliográfico e de método comparatista, foram analisadas as ocorrências de atos violentos em ambas as materialidades à luz de pesquisadores como Alves (2003), Brito (2006) e Hutcheon e O’Flynn (2013). É possível perceber que essa adaptação gerou modificações para que o sentido da obra fosse mantido, mas adicionando alguns elementos, como a inserção de personagens de outros livros.
Este artigo busca analisar o universo rosiano, imortalizado pelas páginas de Grande Sertão: Veredas, verificando, especialmente, a formação dos homens no ambiente sertanejo (re) criado por Guimarães Rosa. Pretende-se examinar quem são, como são, de que forma sobrevivem e, principalmente, como e por que as principais personagens masculinas criadas pelo autor são marcadas pela violência, a dureza e, não raro, a crueldade. Tomar-se-á como base teórica, entre outros, os estudos desenvolvidos por Antonio Candido em “O Homem dos Avessos”, os de Manuel Cavalcanti Proença, em “Don Riobaldo do Urucuia, Cavaleiro dos Campos Gerais”, de Sandra Guardini Vasconcelos, em “Homens Provisórios: Coronelismo e Jagunçagem em Grande Sertão: Veredas”, de Euclides da Cunha, em Os Sertões, bem como os estudos de Gilberto Freyre, em Casa Grande & Senzala.
O objetivo deste ensaio é investigar em Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, a personagem Diadorim, verificando sua influência sobre Riobaldo e o seu papel na sociedade patriarcal do sertão.
Ao analisar em Grande sertão: veredas a relação entre homens e mulheres, focando as
personagens femininas, mais precisamente as que compõem a tríade do amor riobaldiano, com suas
semelhanças e diferenças, é possível vislumbrar não apenas o papel das mulheres na obra, como também
a sua influência na trajetória do personagem Riobaldo, interesse que originou este trabalho.
Instituto de Letras. Programa de Pós-Graduação em Letras.
O presente trabalho busca analisar o sertão e as personagens que Guimarães Rosa imortalizou em Grande Sertão: Veredas, focando, principalmente, o modo como o autor aproveita materiais apreendidos da própria experiência, aliando-os a recursos imaginativo-fabulares de que se utiliza amplamente, recriando ou mesmo deformando a realidade em prol do universo ficcional. Igualmente, busca-se averiguar a formação dos homens e o papel das mulheres no ambiente sertanejo criado por Rosa, espaço recoberto por valores masculinos, território violento e, aparentemente, hostil ao elemento feminino. Para tanto, toma-se como base teórica os estudos sobre a família patriarcal realizados por Gilberto Freire em Casa Grande & Senzala e Sobrados e mucambos, bem como os estudos acerca do romance de Guimarães Rosa desenvolvidos por Kathrin Rosenfield e Luiz Roncari, entre outros. Dá-se destaque para a relação de Riobaldo com as mulheres, além de empreender-se uma análise mais apurada da personagem Diadorim, a ―moça virgem‖ que encarna a aparência e os valores de um jagunço destemido a fim de vingar a morte do pai e promover a ordem no sertão. Seguindo o estudo, avalia-se a travessia de Riobaldo, investigando a transformação do protagonista/narrador ao longo da narrativa: de pobre menino, órfão e sem pertences, a chefe destacado e herói, até finalmente tornar-se fazendeiro. Por fim, volta-se a presente análise para o narrador e a confiabilidade de seu relato, enfatizando-se os artifícios empregados ao longo da narração para atrair e/ou ludibriar o interlocutor (e o leitor). Após várias leituras do livro, com o apoio do referencial crítico-teórico, a principal conclusão que se extrai do estudo de Grande Sertão: Veredas é que seu texto, habilmente arquitetado, conduz a uma leitura encantatória e, não raro, ingênua. Quem pretende de fato apreender o livro, deve ser meticuloso e atento, empregando esforço crítico e constantes releituras para desvendar os significados ocultos por detrás de suas paisagens, aventuras e artimanhas narrativas. Espera-se, com este trabalho, promover a reflexão e ampliar as possibilidades de leitura e compreensão da obra rosiana.