Este artigo tem como objetivo problematizar a expressão “O Diadorim do Grande sertão sou eu”, dita por João Guimarães Rosa (1908-1967) a Afonso Arinos e registrada por Josué Montello, assim como busca circunscrever o problema biográfico do autor mineiro. O texto fundamenta-se na discussão de “crítica biográfica” (SOUZA, 2020) para fazer a leitura do campo biográfico e da personagem Diadorim. A conclusão aponta para a possibilidade de relacionar fato e ficção à pesquisa e à grande carência de estudos biográficos sobre o autor mineiro.
O objetivo deste ensaio é investigar em Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, a personagem Diadorim, verificando sua influência sobre Riobaldo e o seu papel na sociedade patriarcal do sertão.
Pretendemos neste artigo, em primeiro lugar, entender o pensamento religioso do autor e do narrador de Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa e Riobaldo, propondo uma nova abordagem do nome Diadorim/ Deodorina, reabrindo novas discussões sobre o foco de estudos metafísicos e religiosos na obra Rosiana. Em segundo lugar, desejamos identificar no nome Diadorim/ Maria Deodorina da Fé Bettancourt Marins como personagem único e figural da co-existência do demo e de Deus na vida de Riobaldo. E por último, perceber que os múltiplos “Dês”: Deus, Demo e Diadorim, Deodorina da Fé são o percurso do ser-tão humano, homem humano ambíguo, divino e diabólico em Grande Sertão: Veredas. Dentro da produção literária de João Guimarães Rosa, especificamente em Grande Sertão: Veredas, investigaremos a figura do ambíguo personagem Diadorim como um postulado metafísico-religioso, uma metáfora do santo (divino) e do profano (diabólico) para Riobaldo em suas memórias de morte e(m) vida. Baseamo-nos no conceito de Metáfora proposto pelo filósofo francês Paul Ricoeur. Além de autores da extensa fortuna crítica sobre Guimarães Rosa, tais como: Augusto de Campos, Eduardo F. Coutinho, Francis Utéza, Kathrin Holzertmayr Rosenfield, Heloisa Vilhena de Araújo, Paulo Rónai, Walnice Nogueira Galvão.
Neste estudo analisa-se a obra Grande Sertão:veredas, de Guimarães Rosa, perscrutando as atitudes discursivas do narrador Riobaldo em relação a personagem Diadorim. Busca-se evidenciar no discurso factual do narrador em sua experiência vivida, aspectos que vislumbrem sua inquietação em virtude da paixão pelo amigo e, ao mesmo tempo, as paradoxais justificativas para esse sentimento, no intuito de defender sua masculinidade. Nesse contexto, é interessante perceber como Riobaldo projeta a imagem de Diadorim através da natureza, estabelecendo a relação entre a personagem e os elementos naturais para evidenciar a feminilidade e a beleza do amigo. Assim, ele tenta advogar em seu favor, uma vez que, ao se apaixonar pelo suposto jagunço, ele coloca sua virilidade sob suspeita.
O objetivo desse artigo é estudar a expressão do desejo em Grande Sertão: Veredas, percebendo como o escritor nomeia o amor e o descreve em analogia com o espaço do sertão. Para isso, analisaremos dois episódios: o encontro com a "prostitutriz" Nhorinhá, em um lugarejo chamado Aroerinha, e a descoberta do desejo por Diadorim, na Guararavacã do Guaicuí. O texto encerra-se com uma análise da imagem-enigma: "O amor? Pássaro que põe ovos de ferro", com o intuito de compreender o processo de elaboração metafórica do tema amoroso.
Este trabalho se propõe investigar o homem humano rosiano através do personagem figural Diadorim. Seguindo pelas veredas Bakhtinianas e Ricoeurianas chegaremos ao palco polifônico por excelência, o ‘grande sertão’. Nele, analisaremos as vozes da paixão em Diadorim: o corpo, a ‘religio’ e a proclamação do homem humano rosiano no ‘Grande Sertão: Veredas’. Investigaremos as travessias desde o menino, Reinaldo, Diadorim, Deodorina da fé até o nascimento do homem humano: a efetiva travessia nonada. Logo, Diadorim é ‘coincidentia oppositorum’, a reunião dos contrários, que está determinada a eliminar ‘aquele que não é’. Apresentaremos a síntese da modernidade rosiana: Nem Deus, nem demo: Diadorim - o homem humano no palco polifônico do grande sertão, espaço onde “o diabo não há, existe é homem humano”.