This article studies the translation of Brazilian literature in the United States between 1930 and the end of the 1960s. It analyzes political, historical and economic factors that influenced the publishing market for translations in the U.S., focusing on the editorial project of Alfred A. Knopf, the most influential publisher for Latin American literature in the U.S. during this period, and Harriet de Onís, who translated approximately 40 works from Spanish and Portuguese into English. In addition to translating authors such as João Guimarães Rosa and Jorge Amado, de Onís worked as a reader for Knopf, recommending texts for translation. The translator’s choices reflected the demands of the market and contributed to forming the canon of Brazilian literature translated in the United States.
Este artigo objetiva discutir o percurso do modo como o sertanejo é apresentado em obras literárias brasileiras a partir do Romantismo, primeiro estilo em que aparece como personagem, até a intensa liberdade das Tendências Contemporâneas. Fundamentado em discussões sobre sertanismo e regionalismo com Albuquerque Júnior (2011), Almeida (1999), Castro (1984) e Freyre (1976), este trabalho se direciona para um olhar de como o sertão/sertanejo se insere numa “caminho” trilhado dentro da produção literária no trajeto das épocas mencionadas. Deste modo, com o estudo empreendido, entende-se que o sertanejo mítico e depois realista dos oitocentos, modifica-se no forte lutador diante da seca e das injustiças sociais no século XX, utilizando-se da sua força, resistência e bom-humor que lhe são característicos, encarando as árduas sagas com seus únicos recursos, os impalpáveis.
Este trabalho pretende apresentar a participação do escritor João Guimarães Rosa como jurado do Prêmio Walmap, de 1967. Em especial, concentraremos nossa análise em dois cadernos de notas onde o autor de Grande sertão: veredas registrou opiniões sobre os romances inscritos. Mostraremos que o esforço avaliativo de Guimarães Rosa, testemunhado nos cadernos, coloca em evidência um conjunto de critérios e estratégias de valoração literária que fazem refletir, como num espelho, a própria poética do escritor-julgador.
O objetivo do artigo é realizar breves considerações sobre a recepção internacional de quatro escritores latino-americanos. Dois hispano-americanos (Jorge Luis Borges e Gabriel García Márquez) em contraste com dois brasileiros (João Guimarães Rosa e Jorge Amado).
Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação em Letras
O objeto desta tese é Corpo de baile (1956), de Guimarães Rosa, a qual resolve dois problemas: o da unidade da obra (formada de sete estórias) e o da sua relação com os romances de Jorge Amado e José Lins do Rego. A análise baseia-se na Antropologia e na Psicologia. Definições de magia, religião e ciência e relações entre elas provêm de Frazer, Tylor, Nina Rodrigues, Bastide e Prandi. Descrições e interpretações das religiões são tomadas dos estudos sobre cultos afro-brasileiros. Iniciados por Nina no final do século XIX, expandiram-se, a partir da década de 30, com as contribuições de Arthur Ramos, Edison Carneiro, Gonçalves Fernandes, Waldemar Valente, Câmara Cascudo e Mário de Andrade, os quais também embasam esta tese. Esse período coincide com o da publicação das obras literárias que constituem o corpus analisado ('30-56). A estruturação da Universidade no Brasil transferiu para professores do ensino superior a tarefa de efetuar as pesquisas antes feitas por médicos e folcloristas. A consolidação dos Programas de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia transformou-os em espaços de ciência que hoje produzem os saberes sobre religião e magia, motivo pelo qual trabalhos vindos daí integram nossa plataforma teórica. Da parte da Psicologia, Freud e Jung apoiaram-se na etnografia e na antropologia do fim do XIX e início do XX para teorizarem sobre neurose e psicose, consciente e inconsciente e constituirem técnicas psicoterápicas. Ambos assumem que a religião é realidade antes psicológica que teológica (formada da projeção de conteúdos internos), que as leis da associação de idéias subjacentes à magia são as mesmas que subjazem às produções do inconsciente (sonhos, neuroses), que a ciência não suprime a magia e a religião. O trabalho estrutura-se em cinco capítulos. O primeiro apresenta os conceitos nucleares e caracteriza formas religiosas presentes nas obras literárias. Não esgota a teoria; definições e caracterizações de sistemas de crenças importantes para entender uma obra específica serão dadas quando a análise o exigir. O segundo resolve o problema da unidade. Por ser esta uma tese sobre Corpo de baile, será o mais extenso, em virtude da necessidade de mostrarmos os laços entre uma e outra narrativa. O terceiro e o quarto preparam a resolução do segundo problema, apresentada no quinto. Nas obras, a magia soluciona problemas de saúde, amor e negócios; expressa-se na forma de feitiço, rezas bravas e cerimônias. Quanto às religiões, representam-se o catolicismo (popular, oficial e messiânico), os cultos afros (jeje-nagô e banto), o candomblé de caboclo e o catimbó. Espiritismo é mencionado de passagem em duas obras apenas e a umbanda não aparece. Em função disso, considerações teóricas sobre elas serão menores, visando esclarecer, pelo contraponto, as outras. Todas as expressões religiosas mostram-se em seu lado mágico. A ciência figura ao lado da magia e da religião, às vezes isolada, mas nunca entronizada como visão de mundo privilegiada.
Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Rio Claro
Este trabalho procura refletir sobre as representações das paisagens rurais nos textos narrativos estrangeiros e nacionais para pensar as mudanças sociais engendradas na transição ruralidade/modernidade. Nesse sentido, tratou-se de as objetivar e interpretar como fatos sociais que são, levando-se em conta os diferentes processos simbólicos de que resultaram os textos literários em questão. Pensando primeiro na noção durkheimiana de construção social de significados e símbolos, na auto representação relacional da sociedade com seu meio, objetivamos e interpretamos os fatos sociais de acordo com as diferentes abordagens das Ciências Humanas para pensar os processos socioculturais e históricos dessa relação. Dessa forma, o conceito cosgroviano de paisagem, como ideia, é fundamental, pois permite estudar a trama das relações humanas, inscrita num meio natural e cultural. Por fim, refletimos sobre o processo de criação literária de representação dos fenômenos sociais.