A verificação da constituição do livro como objeto requer estudos sobre a história da composição do livro como tal. Até estruturar-se da maneira como o conhecemos o livro passa por diversas etapas em sua dimenão material, dentre elas: os paratextos, a parte pré textual, organizacional de uma publicação. Conhecer os detalhes dessa estrutura editorial contribui para a organização e a leitura de uma obra. No entanto, há autores que usam da transgressão da norma para buscar o espírito artístico. Os prefácios da obra Tutameia de João Guimarães Rosa suscitam a questão essencial deste trabalho: a transgressão do autor os torna os prefácios da obra textos ou paratextos? A trajetória para a efetiva publicação da obra mostra o quão criterioso o autor foi na sua revisão editorial e quão importante é para o leitor entender esse processo.
Tresaventura é uma narrativa que cuida de lembranças, na vida real ou na imaginária. As recorrentes imagens do conto nos levam ao devaneio poético do autor-modelo que instiga o leitor-modelo a uma interpretação do mundo infantil, artístico, mágico, o mundo ideal pensado, ao devaneio poético do leitor.
Este trabalho propõe um estudo da obra Tutaméia - Terceiras estórias, de João
Guimarães Rosa através da Crítica Textual, teoria que nos permite verificar o percurso
criador deste livro. A partir da análise de manuscritos e datiloscritos do conto “No Prosseguir”, na tentativa de estabelecer a diferença entre eles de modo a tecer uma abordagem de caráter crítico da obra e a partir da publicação do conto no jornal médico Pulso, da construção paratextual da obra e da primeira edição, de 1967, nosso objetivo é traçar, de acordo com os elementos verificados na análise, a trajetória do texto em busca da expressividade marcada através do ritmo. Realizamos, neste trabalho, um estudo da tradição escrita para a composição do livro como objeto acessório para entendê-lo como objeto essencial. Historicamente, passamos da relação entre o original, manuscrito ou impresso, verificando a tradição manuscrita e a tipográfica, estabelecendo uma trajetória da crítica textual até os dias atuais. Verificamos a construção paratextual inusitada admitida por Guimarães Rosa nas Terceiras estórias e a organização editorial da obra perante as normas editoriais vigentes. O confronto entre os documentos levantados foi trabalho meticuloso e direcionou-nos para algumas curiosidades sobre a construção textual em Tutaméia - Terceiras Estórias. Localizamos elementos norteadores para o entendimento da construção totalizadora da obra através do ritmo como elemento crítico. Esta pesquisa é, portanto, a tentativa de estabelecer o texto diante dos manuscritos, datiloscritos e primeira edição através do exame dos documentos a comparação entre todos os testemunhos para apontar uma verificação sobre o ritmo do texto de Guimarães Rosa.