Analisam-se os procedimentos de enunciação no diálogo que se estabeleceu entre Guimarães Rosa e Günter Lorenz, por ocasião da entrevista realizada no Congresso Internacional de Escritores realizado em Gênova, em 1965, expondo-se o confronto entre duas estratégias discursivas distintas: a da contradição e a do paradoxo, como duas imaginações diferentes de
linguagem.
No presente artigo é nossa intenção contribuir para a complexa discussão sobre a espiritualidade e o engajamento do escritor Guimarães Rosa (1908-1967). Para tanto, analisaremos suas ideias sobre credo, poética e política, expostas na longa entrevista que o escritor brasileiro concedeu ao crítico alemão Günter Lorenz em janeiro de 1965, na cidade de Gênova. Guimarães Rosa é conhecido como um escritor espiritual e não engajado, contudo, pretendemos mostrar que, em certo sentido, ele não somente é um escritor espiritual, como também é um escritor engajado.