Grande Sertão: Veredas, uma experiência transformada em arte, insere-se na tradição literária do País. A proposta não contempla, pois, interpretar conteúdos de representação na obra de Guimarães Rosa. Ao afirmar que na ficção rosiana a forma produz indeterminação, busca-se neste ensaio especificar o sentido es-tético-político, responsável pelas interações funcionais do autor com o leitor.
Analisam-se os procedimentos de enunciação no diálogo que se estabeleceu entre Guimarães Rosa e Günter Lorenz, por ocasião da entrevista realizada no Congresso Internacional de Escritores realizado em Gênova, em 1965, expondo-se o confronto entre duas estratégias discursivas distintas: a da contradição e a do paradoxo, como duas imaginações diferentes de
linguagem.
A unidade da enunciação de Riobaldo, em Grande sertão: veredas, aparece cindida pela oposição complementar de dois princípios constitutivos, como um jogo com sinônimos (vários nomes para um ser só, "Deus") e homônimos (um só nome para coisas e eventos, "Diabo"). A oposição é talvez o principal operador metalinguístico do texto e é por ela que são articulados outros níveis de sentido do romance, como o das alegorias da filosofia neoplatônica, o da luta política no sertão, o do amor, o do mito e o da linguagem.
Comentário sobre a obra crítica de João Adolfo Hansen, incluindo transcricão de entrevista integral realizada com o autor sobre o romance Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa.