The experiences experienced by men in modernity transform literary narratives, thematically and formally, establishing the aim to use allegory as an explanatory stage of that new reality. In the book The Origin of German Tragic Drama, by Walter Benjamin, he conceives allegory as the revelation of a hidden truth that does not represent things just as they are, but provides a version of how they were or might have been. As a reflection of the principles implied in that reading, this paper takes Benjamin’s allegory as an analytical category aiming at identifying the representation of violence in the short story A hora e a vez de Augusto Matraga (The Hour and Turn of Augusto Matraga), by Guimarães Rosa. Our analysis opens a dialogue with the dialectical perspective, in which social-historical conditioning factors contribute to understand Minas Gerais backlands, whose ethos supplies a perception of the world incorporated by Guimarães Rosas’ poetics, widening the view of a violent and enchanting world.
Este artigo busca refletir sobre a configuração da violência no conto A hora e a vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa. Ao creditar importância aos condicionantes históricos para entender a natureza brutal da sociedade sertaneja, destacamos em nossa análise como a religião edifica uma nova forma de opressão, operando contra os princípios éticos e morais que definem a subjetividade do protagonista. Os pressupostos teóricos antevistos no livro Origem do drama trágico alemão, de Walter Benjamin, em cujos fundamentos a alegoria, em liame com a perspectiva dialética, se alça como categoria analítica, embasaram a leitura do relato rosiano. Concluímos que, ao abandonar as práticas cristãs e se voltar para a face secular do sertão, a formação pietista de Augusto Matraga foi insuficiente para redimir as atribulações de sua alma. Para aceitar o fardo que era viver em um espaço social profanado pela história e abandonado por Deus, a morte se insurge como um espelho que reflete os contornos mais luminosos de sua redenção.
As experiências vivenciadas pelo homem na modernidade transfiguraram as narrativas literárias temática e formalmente, estabelecendo o escopo para requisitar a alegoria como instância explicativa dessa nova realidade. No livro Origem do drama trágico alemão, Walter Benjamin a vislumbra como a revelação de uma verdade oculta que não representa as coisas apenas como são, mas oferece uma versão de como elas foram ou poderiam ser. Como ressonância dos fundamentos implicados nessa leitura, este trabalho adota a alegoria benjaminiana como categoria analítica visando identificar a representação da violência no conto A hora e a vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa. Nossa análise mantém diálogo com a perspectiva dialética, na qual os condicionantes histórico-sociais concorrem para compreender os sertões mineiros, cujo ethos provisiona uma percepção de mundo que a poética rosiana incorpora, ampliando a visão de um universo violento e encantatório.
A percepção de que as experiências vivenciadas pelo homem na modernidade transfiguraram as narrativas literárias temática e formalmente, estabelece o escopo para requisitar a alegoria como instância explicativa dessa nova realidade. Sobrepujando o símbolo como recurso para consignar validade estética à arte, no livro Origem do drama trágico alemão, Walter Benjamin vislumbra a alegoria como a revelação de uma verdade oculta que não representa as coisas apenas como elas são, mas oferece, também, uma versão de como elas foram ou poderiam ser. Como ressonância dos fundamentos implicados nessa leitura, este trabalho adota a alegoria como categoria analítica visando identificar as diversas formas como a violência se presentifica no conto A hora e a vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa. Como linha de força da contextura material que enlaça a narrativa, a nossa interpretação manterá diálogo com os condicionantes históricos de uma época em que os valores sociais no Brasil estavam em franca transição, exigindo adequações estéticas capazes de incorporar a visão de um sertão místico, violento e encantatório.