Através deste trabalho pretende-se realizar uma comparação entre o conto A terceira margem do rio, do escritor brasileiro João Guimarães Rosa e Nas águas do Tempo do escritor moçambicano Mia Couto, com o intuito de analisar como as zonas fronteiriças resultam em entre- lugar e como o conceito de entre lugar modifica e transforma o indivíduo e sua cultura. Para realizar essa análise utilizaremos esse conceito proposto pelo escritor indu-britânico Hommi K. Bhabha em seu livro O Local da Cultura, 1998.
Análise comparativa com enfoque no caráter etnográfico de Grande sertão: veredas, de Guimarães
Rosa, e de A arte de andar nas ruas do Rio de Janeiro, de Rubem Fonseca. Considera-se que, no
romance rosiano, o interlocutor silente de Riobaldo é um senhor que pontua, corrige e adéqua a fala
do personagem ao gosto do leitor letrado, persistindo na relação de alteridade aí existente a mediação
feita pelo intelectual citadino, o qual ainda fala pelo Outro. Quanto ao conto de Rubem
Fonseca, o caráter etnográfico da literatura não resvala nessa prática tradutória, pois o narrador
reproduz, por exemplo, uma pichação dos Sádicos do Cachambi no Teatro Municipal, preservando
a desobediência dos marginais à norma padrão da língua, transmitindo, sem mediações, um enunciado
que viola a cultura dominante. Sob esse viés, pretende-se demonstrar como a figuração de alteridade
de autoria fonsequiana realiza-se mais diretamente do que a de Rosa.
Este trabalho analisa os personagens SeteMeis, de O resto é silêncio, Érico Veríssimo, Damázio, o
jagunço do conto “Famigerado” (Primeiras estórias), de Guimarães Rosa, e Rael, da obra Capão
pecado, Ferrez. Em três momentos diversos da História e da Literatura Brasileiras, autores
diferentes constroem o discurso de personagens que historicamente sempre estiveram à margem da
sociedade.
Este texto compara o romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, e o conto
“Rappaccini’s daughter”, de Nathaniel Hawthorne, tendo em vista discutir a elaboração do mito
na literatura, a partir de imagens que remetem à origem e à criação. Revendo criticamente
conceitos formulados por Northrop Frye, o tema da criação é analisado no sentido de produzir-se
uma reflexão sobre como os dois autores apresentam os seres humanos perante o amor, o
conhecimento e a morte, questões estas cruciais no desenvolvimento de suas obras.
O contato com a obra de Guimarães Rosa e a leitura de sua correspondência com Edoardo Bizzarri, seu tradutor para o italiano, indicou-nos que o autor de Grande sertão: veredas em diversas passagens de suas narrativas inseriu episódios da Divina Commedia, bem como estabeleceu um contínuo diálogo com a obra maior de Dante Alighieri. Esses momentos dantescos podem ser observados desde Sagarana até Grande sertão. Em nosso trabalho elencaremos alguns exemplos dessas apropriações da Commedia por Rosa, indo desde a utilização de versos até a concepção de personagens como Otacília, essa Beatriz sertaneja.
Diante dos diversos estudos que Grande Sertão: Veredas tem propiciado nesses seus cinqüenta anos, os de Literatura Comparada tem alcançado um espaço considerável, tendo em vista a vasta erudição que Guimarães Rosa aplicou na composição de seu único romance. Na leitura do Grande Sertão, procuraremos mostrar as inter-relações que essa obra possui com a Divina Commedia, de Dante Alighieri e como um estudo comparativo pode elucidar a compreensão de diversos aspectos das referidas obras.
O trabalho que segue alinha-se aos estudos de literatura comparada no que diz respeito aos contos: A menina, as aves e o sangue do escritor moçambicano Mia Couto e A menina de lá, do autor brasileiro João Guimarães Rosa. O estudo focaliza como se dão as situações em ambas as literaturas os aspectos de Infância e o Fantástico nas personagens em seus territórios culturais. Apoiamos as discussões nos autores que delimitam os estudos de literatura comparada, como, Sandra Nitrini (1997) Tânia Carvalhal (2006),assim como os autores que versam acerca das literaturas africanas de língua portuguesa,Bezerra (2007) Afonso (2004) Appiah (1997) Carlos Espírito Santo (2000) entre outros que versam sobre a temática,assim como autores que pesquisam sobre a literatura de João Guimarães Rosa,tais como Walnice Nogueira Galvão (1978) entre outros e Tzevtan Todorov sobre o fantástico na literatura. Observamos como as meninas aparecem em seus espaços culturais envoltas naquilo que a crítica denomina de fantástico na literatura, como as situações as aproximam, como infâncias se apresentam e também de que modo se diferenciam de acordo com as crenças que envolvem os seus familiares e o sociocultural de cada literatura.