Ao contrário de uma ideologia civilizadora, muito forte no Brasil, em meados
do século XX, que defendia o avanço irrestrito da modernização e de uma atitude a ela
contrária, que quer preservar as culturas e comunidades tradicionais como peças de
museus, Rosa, em A estória de Lélio e Lina, mostra que o sertanejo é capaz de escolher
seu próprio caminho. Aproveitando-se do legado da tradição e das inovações da
modernidade, Lina irá ensinar a Lélio uma nova maneira de enxergar as relações sociais
e outra postura ético-política.
O romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, publicado em 1956,
é, desde sua publicação, objeto de análise de inúmeros estudos acadêmicos. Este artigo
pretende analisá-lo, tendo como foco a famosa cena do pacto com o diabo, que possui
Riobaldo como protagonista, em meio às Veredas-Mortas. A cena, marcada pela incerteza
de sua concretização e pela mudança de atitude do narrador-protagonista, Riobaldo, será
aproximada da literatura fantástica, segundo a teoria de Todorov (2012). Outrossim,
analisar-se-ão outros “causos” contados por Riobaldo, que fazem com que se possa
discuti-los e aproximá-los do realismo maravilhoso e de obras canônicas no estilo, como
o Pedro Páramo, de Juan Rulfo.