Publicado em 2011, pela Editora Nova Fronteira, o volume de contos Antes das primeiras estórias reúne quatro contos da juventude de João Guimarães Rosa (1908-1967) publicados na revista O Cruzeiro e no diário O Jornal. Apesar de ainda não terem conquistado a devida atenção por parte da crítica especializada, os contos dessa coletânea flertam com as vertentes do insólito ficcional e evidenciam uma faceta de sua obra que será posteriormente aprimorada nas narrativas de matriz regionalista. O objetivo do presente estudo é apresentar uma leitura do conto “Chronos kai Anagke” pelo viés de uma dessas vertentes. Com base no arcabouço teórico de Tzvetan Todorov e Filipe Furtado, pretende-se demonstrar que a narrativa rosiana se enquadra no que Todorov denomina “fantástico puro”.
Este trabalho procura analisar como a obra de João Guimarães Rosa se relaciona com a tradição literária do Regionalismo e fratura os discursos críticos consolidados ao longo do tempo a respeito dos pressupostos estéticos que seriam característicos daquela vertente. Para tanto, são examinados dois momentos distintos da literatura do autor: de um lado, seus quatro contos iniciais, originalmente publicados entre 1929 e 1930; de outro, “Pé-duro, chapéu-de-couro”, texto de 1952 largamente ignorado pela crítica literária, mas relevante para a compreensão do universo ficcional gestado pelo autor. Contrariamente às perspectivas críticas historicamente dominantes, busca-se demonstrar como a ficção de Guimarães Rosa encontra seu ápice quando se volta para o espaço regional, dele retira sua matéria e nele situa suas tramas.
Ainda que Guimarães Rosa seja um autor conhecido e reconhecido por suas obras vinculadas ao super-regionalismo, é possível notar a influência da literatura fantástica em seus primeiros contos, reunidos e publicados em livro apenas em 2011. Este artigo visa mostrar o momento individual do autor e o momento literário da época em que ele escreveu os contos, considerados imaturos pela crítica. Para isso, analisaremos o conto “Tempo e Destino” e elencaremos aspectos da modalidade do fantástico nele, revelando o que pode ser considerado imitação e o que dessa imitação foi posteriormente assimilado pelo autor para consolidar sua identidade.
A dissertação desenvolve um estudo sobre a álgebra mágica de Guimarães Rosa; à luz do desenvolvimento da literatura fantástica no horizonte de expectativas dos séculos XVIII; XIX e XX. No século XVIII; as relações se estabelecem com o romance Gótico e o elemento estranho que surge do exterior; no século XIX; com o gênero fantástico e o estranho que irrompe do interior humano; já no século XX; quando o universo humano se torna fantástico e o estranho faz parte do cotidiano; o neofantástico é uma possibilidade interpretativa de um fantástico que se reconcilia com o poético. O objetivo do trabalho é; portanto; por meio do estudo do fantástico em transformação a partir de horizontes de expectativas de épocas distintas; estabelecer um conjunto de elementos que nos permitam refletir sobre a aproximação estabelecida com a álgebra mágica roseana. Para compreender o efeito da literatura fantástica; bem como o da álgebra mágica; recorreu-se ao método hermenêutico de Paul Ricoeur; com ênfase no aspecto da leitura integrativa entre o mundo do texto e o mundo do leitor; em função do duplo horizonte de expectativas que a obra literária contém: o da obra em si; em sua estrutura; e o da leitura; que reescreve a obra. As relações estabelecidas à luz do corpus escolhido para análise – O Mistério de Highmore Hall; Tempo e Destino e A Terceira Margem do Rio – demonstraram que a álgebra mágica está bem distante dos conceitos da literatura fantástica dos séculos XVIII; XIX e mesmo do início do século XX; embora os primeiros contos de Guimarães Rosa guardem grande proximidade com essas tradições. A singularidade da álgebra mágica se revela; assim; por meio do vínculo estabelecido com a construção do efeito poético; em sintonia estreita com a concepção do neofantástico e a de causalidade mágica de Borges; como mostra a análise de A Terceira Margem do Rio.
Escola de Formação de Professores e Humanidade::Curso de Teologia. Programa de Pós-Graduação STRICTO SENSU em Ciências da Religião
Esta tese analisa o testemunho do Sagrado na obra literária de João Guimarães Rosa (1908-1967), especificamente, o conto Chronos kai Anagké (1930) e, o seu único romance, Grande Sertão: Veredas (1956). Esta pesquisa tem como eixo método-epistemológico básico a transdisciplinaridade entre o conceito de Sagrado nas Ciências da Religião em Rudolf Otto e Mircea Eliade, o conceito de Narratologia Literária em Paul Ricoeur e a Teoria do Testemunho de Márcio Selligmann para uma leitura do sagrado na literatura de Guimarães Rosa. Discute-se a relação teórica entre Literatura e Sagrado, os Vestígios do Sagrado na Literatura, as Geograficidades do Sagrado no romance roseano, e a obra de arte literária como possibilidade de interpretação sócio-cultural. Demonstraremos que a narratologia roseana apresenta um acervo, registro e interpretação de um imaginário sobre Deus,
o Demo e o homem humano no sagrado brasileiro, apresentaremos João Guimarães Rosa como um intérprete do Sagrado, não apenas na Literatura, mas também na Cultura Brasileira.
Pós-Graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade
Em Solve et Coagula - dissolvendo Guimarães Rosa e recompondo-o pela ciência e espiritualidade é investigada a importância da espiritualidade na formação do escritor Guimarães Rosa e na confecção de suas obras, rincipalmente Primeiras Estórias e Ave, Palavra. A partir de relatos de amigos e parentes, entrevistas, cartas e anotações pessoais, analisa-se como esse interesse pela espiritualidade - principalmente pela Cabala, Tarô e Astrologia - aparece nos seus textos, tanto na construção quanto em personagens, linguagem e estórias, em equilíbrio com um pensamento cientificista. Para melhor compreender a questão espiritual do escritor mineiro e o seu desenvolvimento na ficção, também é estudada a visão de "religiosidade" rosiana analisada por Vilém Flusser e como ela se relacionaria diretamente com a linguagem poética do escritor mineiro.
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