Resumo: neste trabalho propomos discutir um romance brasileiro, Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, obra delimitada entre os entroncamentos do Noroeste de Minas Gerais, o sudoeste da Bahia e o sudeste de Goiás. Pelo termo, a Bíblia de Guimarães Rosa, entenda ser uma obra literária com suas tramas, intrigas e personagens, um clássico da literatura brasileira que discute os dilemas do homem humano em seus embates histórico-metafísicos entre o mundo rural e a cidade. Romance que apresenta a religião na arte literária, e vice-versa, formando assim uma modalidade de representação artística de tempos e espaços sagrados nas esferas da dialética entre ficção e realidade, entre arte e vida. O único romance de Guimarães Rosa será objeto de nossa análise neste texto, seguiremos a releitura dos autores da fortuna crítica da obra de Guimarães Rosa, assim como o conceito de clássico a partir de autores da Teoria da Literatura e da Hermenêutica, portanto desejamos apresentar ao leitor deste texto um livro basilar da literatura e cultura brasileira: O Grande Sertão: Veredas.
Este artigo tem por objeto dois contos do livro Sagarana, o primeiro é São Marcos, e o segundo, Corpo Fechado. Nosso objetivo é analisar o imaginário afro-brasileiro de João Guimarães Rosa, mineiro do sertão de Cordisburgo. Na análise das obras, serão utilizados os referenciais teóricos que dizem respeito às estruturas do imaginário, às conceituações de magia brasileira nas ambiências dialógicas entre o dito e o feito, mas também na tradição histórica da temática de ritual e feitiço a partir dos clássicos, Claude Lévi-Strauss e Marcel Mauss, assim como os contemporâneos Bronislaw Malinowski e Yvonne Maggie. Nosso desafio é analisar o imaginário afro-brasileiro em seus usos da reza, magia e feitiços, retratados ficcionalmente por Guimarães Rosa nos contos São Marcos e Corpo Fechado, ambos formam um breve retrato de nossa afro-brasilidade, e uma oportuna leitura da cultura e religiosidade popular no sertão mineiro e brasileiro.
Pretendemos neste artigo, em primeiro lugar, entender o pensamento religioso do autor e do narrador de Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa e Riobaldo, propondo uma nova abordagem do nome Diadorim/ Deodorina, reabrindo novas discussões sobre o foco de estudos metafísicos e religiosos na obra Rosiana. Em segundo lugar, desejamos identificar no nome Diadorim/ Maria Deodorina da Fé Bettancourt Marins como personagem único e figural da co-existência do demo e de Deus na vida de Riobaldo. E por último, perceber que os múltiplos “Dês”: Deus, Demo e Diadorim, Deodorina da Fé são o percurso do ser-tão humano, homem humano ambíguo, divino e diabólico em Grande Sertão: Veredas. Dentro da produção literária de João Guimarães Rosa, especificamente em Grande Sertão: Veredas, investigaremos a figura do ambíguo personagem Diadorim como um postulado metafísico-religioso, uma metáfora do santo (divino) e do profano (diabólico) para Riobaldo em suas memórias de morte e(m) vida. Baseamo-nos no conceito de Metáfora proposto pelo filósofo francês Paul Ricoeur. Além de autores da extensa fortuna crítica sobre Guimarães Rosa, tais como: Augusto de Campos, Eduardo F. Coutinho, Francis Utéza, Kathrin Holzertmayr Rosenfield, Heloisa Vilhena de Araújo, Paulo Rónai, Walnice Nogueira Galvão.
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Esta tese analisa o testemunho do Sagrado na obra literária de João Guimarães Rosa (1908-1967), especificamente, o conto Chronos kai Anagké (1930) e, o seu único romance, Grande Sertão: Veredas (1956). Esta pesquisa tem como eixo método-epistemológico básico a transdisciplinaridade entre o conceito de Sagrado nas Ciências da Religião em Rudolf Otto e Mircea Eliade, o conceito de Narratologia Literária em Paul Ricoeur e a Teoria do Testemunho de Márcio Selligmann para uma leitura do sagrado na literatura de Guimarães Rosa. Discute-se a relação teórica entre Literatura e Sagrado, os Vestígios do Sagrado na Literatura, as Geograficidades do Sagrado no romance roseano, e a obra de arte literária como possibilidade de interpretação sócio-cultural. Demonstraremos que a narratologia roseana apresenta um acervo, registro e interpretação de um imaginário sobre Deus,
o Demo e o homem humano no sagrado brasileiro, apresentaremos João Guimarães Rosa como um intérprete do Sagrado, não apenas na Literatura, mas também na Cultura Brasileira.
Este trabalho se propõe investigar o homem humano rosiano através do personagem figural Diadorim. Seguindo pelas veredas Bakhtinianas e Ricoeurianas chegaremos ao palco polifônico por excelência, o ‘grande sertão’. Nele, analisaremos as vozes da paixão em Diadorim: o corpo, a ‘religio’ e a proclamação do homem humano rosiano no ‘Grande Sertão: Veredas’. Investigaremos as travessias desde o menino, Reinaldo, Diadorim, Deodorina da fé até o nascimento do homem humano: a efetiva travessia nonada. Logo, Diadorim é ‘coincidentia oppositorum’, a reunião dos contrários, que está determinada a eliminar ‘aquele que não é’. Apresentaremos a síntese da modernidade rosiana: Nem Deus, nem demo: Diadorim - o homem humano no palco polifônico do grande sertão, espaço onde “o diabo não há, existe é homem humano”.