Este artigo objetiva apresentar funções ampliadas dos textos literários por meio da intercessão de dois importantes conceitos: o de ‘deslocamento’, problematizado por Barthes na obra Aula; e o conceito de ‘literatura menor’, desenvolvido por Deleuze e Guattari. A questão problema que norteia a pesquisa é: Quais as funções do texto literário segundo Barthes e Deleuze e Guattari? Como procedimento metodológico, optou-se por fazer incursões pelas obras de Franz Kafka, João Guimarães Rosa e Clarice Lispector, realizando inferências que possibilitassem abordar esses conceitos nas narrativas literárias. Como resultado, sinaliza-se que as funções do texto literário, para Barthes, Deleuze e Guattari, são de deslocamentos que fogem das forças coercitivas da língua – o fascismo – e possibilitam a dúvida sobre seus sentidos, a contradição e a dinamicidade do texto, características que o situam como literatura ‘menor’.
Este trabalho aborda a linguagem de Guimarães Rosa e os seus mecanismos de realização. Interesse dizer que a linguagem do autor não reproduz certo uso sertanejo da língua portuguesa, mas antes se realiza como matéria artística, na medida em que propõe agenciamentos de sentido que se reportam ao universo engendrado pelas narrativas do autor e não a um sertão pretensamente histórico e geográfico. Para demonstrar os mecanismos de funcionamento da linguagem de Rosa analisa-se o conto
Tarantão,meu patrão , do livro Primeiras estórias, de 1962.
A partir do conceito de devir na obra de Gilles Deleuze e Felix Guattari, principalmente quando relacionado à obra de Franz Kafka, estabelecer pontes com o conto de João Guimarães Rosa, “Meu tio o Iauaretê”. Perceber na literatura o lado do inacabamento, sempre em via de se fazer, os atravessamentos, o entre-meio, o delírio do devir-animal. Observar na escrita a decomposição da língua materna e a recuperação da voz e da força de uma língua menor. Enfrentar o desafio de unir duas altas potências (a filosofia e a literatura) em um outro plano de composição: a imagem.