Na obra do autor mineiro João Guimarães Rosa, o significante é elevado ao máximo de seu uso. Há
uma espécie de magia, canto e encanto na sua escritura. O que propomos, neste artigo, é um estudo do conto “A menina de lá”, que integra a obra Primeiras Estórias (1962), com a intenção de mostrar a predominância do caráter icônico e poético na linguagem do conto. Para tanto, nos valemos do conceito de linguagem icônica de Charles Sanders Peirce e do de função poética do lingüista russo Roman Jakobson, além das idéias de Vilém Flusser sobre as chamadas línguas santas.
O presente estudo propõe-se a explorar a carga de afinidades entre a poesia de Adélia Prado e a obra de Guimarães Rosa Grande sertão: veredas. Os aspectos característicos da poeta, que se aproximam e se afastam daqueles do escritor, mostram uma poética em que se reconhece a presença do romance, que a própria Adélia Prado assume como matriz de inspiração de seu fazer poético. Posteriormente, a pesquisa particulariza-se em relacionar trechos do romance rosiano a alguns poemas de Poesia Reunida e A duração do dia, em que a autora, movida pela percepção híbrida do sagrado em meio ao cotidiano, faz uso da linguagem como canal de passagem do imanente para o transcendente e da relação possível entre a experiência mística e a poesia, configurando-se para a poeta Grande sertão: veredas como sua Bíblia Literária.