A presente pesquisa propõe uma leitura da novela A hora e a vez de Augusto Matraga de João Guimarães Rosa, publicado em Sagarana em 1946. Adotaremos como procedimento de estudo a análise da relação estabelecida entre o medo e a coragem ao longo da narrativa e as relações sociais representadas por esta série. O objetivo deste artigo é mostrar que o medo move a narrativa ao passo que os personagens, em especial Nhô Augusto, se veem aniquilados por este sentimento, mas ao mesmo tempo é dele que ganham forças para prosseguir. A partir da compreensão dessa concepção, nos empenharemos por desenvolver uma discussão sobre como a categoria do medo pode denotar determinadas relações sociais, não só de modo isolado, mas também vinculado à coragem e ao poder. Para tanto, utilizaremos como suporte teórico História do medo no ocidente de Jean Delumeau (2009) e A criação literária de Massaud Moisés (2012).
Esta pesquisa teve por objetivo refletir sobre variadas formas de abordagem do tema da loucura na literatura ficcional e na científica. Para tanto, foram consultados escritores que apresentaram em suas obras registros da demência, tratada segundo as concepções das diferentes épocas e dos contextos sociais e culturais em que se inseriam. Buscaram-se exemplares da literatura em que diversos critérios nortearam os diagnósticos de loucura, bem como o tratamento realizado. Considerando-se o papel da ficção ao apresentar a realidade temática, Machado de Assis, com o conto O Alienista, Guimarães Rosa com os contos “Sorôco, sua mãe e sua filha” e “Darandina” e Erasmo de Rotterdam com a obra: O Elogio da Loucura, que constituíram-se como rica fonte de reflexão e análise. Numa proposta interdisciplinar, foram solicitados para a fundamentação teórico-literária Alfredo Bosi, Antônio Candido, Affonso Romano Sant‟Anna, Bastos e Mikhail Bakhtin. Da literatura científica, buscaram-se as contribuições de Foucault, Amarante, Jung, Freud, Miranda e Canguilhem, Goffman e outros que trataram do tema da loucura, nas mais diversas nuances, dando consistência às percepções decorrentes deste estudo.