Nesta pesquisa, buscou-se abordar a relação entre as práticas de conduta social e o
processo cultural e civilizatório que envolve a temática da loucura através dos
tempos, sob os aspectos legais, psicológicos e literários, além do desenvolvimento
tanto das práticas e estilos literários, quanto das premissas de convívio harmonioso
entre a obra, o autor e os leitores. Foram analisadas opiniões e obras de
especialistas, escritores, psicólogos e cientistas sociais, bem como de diversos
profissionais das áreas afins, sobre a loucura e a sua abordagem na literatura,
possibilitando investigar, identificar em busca da superação das dificuldades de
entendimento social, cultural e civilizatório sobre a loucura, em especial na obra de
Guimarães Rosa (2005), “Sorôco, sua mãe, sua filha”, observando as
particularidades desta realidade mutável e dinâmica, para que possam agir de forma
correta e equilibrada dentro dos limites literários e das instâncias socioculturais e de
natureza psicológica.
Esta pesquisa teve por objetivo refletir sobre variadas formas de abordagem do tema da loucura na literatura ficcional e na científica. Para tanto, foram consultados escritores que apresentaram em suas obras registros da demência, tratada segundo as concepções das diferentes épocas e dos contextos sociais e culturais em que se inseriam. Buscaram-se exemplares da literatura em que diversos critérios nortearam os diagnósticos de loucura, bem como o tratamento realizado. Considerando-se o papel da ficção ao apresentar a realidade temática, Machado de Assis, com o conto O Alienista, Guimarães Rosa com os contos “Sorôco, sua mãe e sua filha” e “Darandina” e Erasmo de Rotterdam com a obra: O Elogio da Loucura, que constituíram-se como rica fonte de reflexão e análise. Numa proposta interdisciplinar, foram solicitados para a fundamentação teórico-literária Alfredo Bosi, Antônio Candido, Affonso Romano Sant‟Anna, Bastos e Mikhail Bakhtin. Da literatura científica, buscaram-se as contribuições de Foucault, Amarante, Jung, Freud, Miranda e Canguilhem, Goffman e outros que trataram do tema da loucura, nas mais diversas nuances, dando consistência às percepções decorrentes deste estudo.
Esta dissertação pretende analisar o papel que o rio São Francisco assume na obra Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa. Para tanto, se faz uma profunda análise do conteúdo geográfico que o autor utiliza não apenas nesta obra, mas também em dois livros de contos, Tutaméia e Primeiras estórias. Sendo o autor natural do interior de Minas Gerais, uma área conhecida como sertão dos gerais, se faz a análise de como aspectos geográficos como relevo, clima, vegetação e hidrografia se manifestam em sua obra, bem como se analisa o papel que o rio São Francisco representa para a região sob os aspectos econômico e histórico. Além disso, é feita também a análise de como o rio São Francisco e a hidrografia, de maneira geral, marcam a vida do homem sertanejo, sobretudo a de Riobaldo, que terá a sua vida toda relacionada à presença da hidrografia, marcando a transição de partes de sua vida, onde menino, às margens do São Francisco, conhece Diadorim e, mais tarde, torna-se jagunço e vive aventuras diversas para, no final, também às margens do São Francisco, abandonar a vida de jagunço e converter-se em fazendeiro.