O texto tem por objetivo analisar como o regionalismo, centrado na representação de relações sociais e humanas e relacionado ao universalismo, tem sido aplicado a Guimarães Rosa e como se mantém atualmente num escritor como Ronaldo Correia de Brito. Para tanto, apresenta reflexões sobre a sobrevivência do termo regionalismo, sua aplicação à obra rosiana -- especialmente em uma composição de Tutaméia -- e sua reposição na atualidade em um conto de Correia de Brito.
Este ensaio discute quatro cartas de leitores –arquivadas no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP) - que comentam impressões de leitura sobre o livro de estreia de Guimarães Rosa, Sagarana, lançado em 4 de abril de 1946, e enviadas diretamente ao escritor. Duas cartas são originárias de Londres, 1º de julho e 16 de agosto de 1946, a terceira, do Rio de Janeiro, 14 de outubro de 1946 e a quarta, de Bruxelas, 28 de março de 1947. Com pressupostos teóricos da Estética da Recepção e do Discurso Epistolar, a análise das cartas lidas na contraluz da crítica literária publicada em periódicos do ano de 1946, mostra que a discussão acerca da dialética regionalismo/universalismo ultrapassa as fronteiras da crítica, projetando- se no contexto epistolar, o que em princípio permite três conclusões: a primeira aponta para a importância da crítica literária como mediadora da leitura, a segunda é o emergir de questões identitárias cuja discussão se esteia na dialética regionalismo/universalismo e a terceira é a legitimação da identidade brasileira através da literatura.