A variedade formal e temática dos textos reunidos em Ave, Palavra manifesta a força criativa da experiência literária de Guimarães Rosa. Em sua tessitura o autor elabora contornos voltados para as possibilidades várias abstraídas da rebeldia que mana de sua escrita, impulsionando os fluxos poéticos para longe de qualquer enrijecimento oriundo de preceitos e regras avessas à liberdade imprescindível ao fenômeno da criação artística, haja vista que a poesia contemporânea estabelecida em Ave, Palavra evoca um equilíbrio expressivo forjado no deserto longínquo do pensamento, e sustentado por um movimento de desconstrução que repele o arquétipo composicional compactado pelo tempo. Esse trabalho propõe uma investigação acerca dos diálogos possíveis entre a revolucionária ação poética de Guimarães Rosa em Ave, Palavra e as concepções artísticas dos movimentos de vanguarda europeia.
Este trabalho de dissertação examina a simbologia do trato diabólico no romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, em relação ao pacto fáustico, de Goethe, e assim tenta apreender como na linguagem rosiana estão dispostas as estratégias que põem em suspense a efetividade do acordo demoníaco e possibilitam, com intensividade poética, diversas interpretações, sobretudo no que diz respeito às angústias da condição humana. Para tanto, a pesquisa respalda-se na Simbologia Mítica, na Crítica Literária e em aspectos da Metafísica, além da análise de clássicos ensaios literários, na abordagem da estrutura da obra-prima de Rosa. Busca-se demonstrar que a incorporação da lenda de Fausto em Grande sertão reflete o mesmo desejo de felicidade que não se realiza por completo e, destarte, instiga a discussão sobre os limites à satisfação do ser humano. Desse modo, observa-se que a épica narrativa do ex-jagunço Riobaldo ao doutor da cidade especula sobre o homem humano, na aprendizagem contínua de sua travessia