Neste ensaio, proponho uma leitura do conto de Guimarães Rosa intitulado “Tapiiraiauara”, presente em Tutameia – Terceiras Estórias (1967), buscando mostrar como, nessa narrativa, por meio do discurso astucioso, o narrador-protagonista é capaz de reverter uma situação de violência iminente. A cena narrada é inserida no contexto do século XX, com a aproximação entre esta estória e as ideias de Hannah Arendt, pensadora fundamental daquele período. A atuação dos dois autores na resistência ao antissemitismo também é levada em conta nesta leitura, que estabelece ainda um diálogo com os mestres Ronaldes de Melo e Sousa e Ronaldo Lima Lins.
O presente trabalho propõe-se a percorrer os caminhos da significação e da re-significação, através da análise do conto Famigerado, de Guimarães Rosa. Para isso, recorrer-se-á a uma relação entre as concepções de língua e significação de Saussure e de uma perspectiva discursiva
Entendendo a narrativa como uma negociação de sentidos, faremos uma reflexão sobre identidade a partir de marcas. A identidade na construção discursiva, no conto A hora e a vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa, vale-se de dois olhares nesta reflexão: da marca tatuada no corpo de Matraga e de Matraga como marca circular da narrativa, pois Matraga é a marca da brasa que queima com ferro o corpo e também a página em branco tatuada pela escrita, o que faz do corpo, a escrita e da escrita, o corpo, ambos materializados no e pelo texto.
A partir da constatação do valor polissêmico do signo verbal, Guimarães Rosa, no conto “Famigerado” do livro Primeiras estórias, traz à baila a reflexão sobre o poder do discurso letrado e o eterno desejo do homem de tomar posse do conhecimento. Com base nesse conto, este trabalho pretende meditar sobre a faculdade do discurso de malear a palavra, dobrando-a de acordo com conveniências preestabelecidas. Dessa forma, o domínio da palavra será examinado como estratagema simbólico para imposição de uma concepção de mundo mais em consonância com interesses de grupos ou classes que exercem as prerrogativas de senhores do saber.
A sedução, no conto “Luas de mel”, manifesta-se, num primeiro momento, entre
enunciador e enunciatário a partir do discurso em primeira pessoa, que cria um efeito de
aproximação, deixando fluir uma relação de cumplicidade entre eles. Concretiza-se, mais
tarde, no nível discursivo, nas referências delicadas e reticentes do enunciador à sua mulher. Tais expressões de carinho velado vão crescendo em intimidade à medida que o fazendeiro
deixa-se envolver pelo clima que instaurado na fazenda com os preparativos para o casamento.
Pretende-se, portanto, analisar os níveis de sedução que se revelam no conto, tendo como
apoio o modelo semiótico greimasiano.