Em Grande Sertão: Veredas (1962), o narrador Riobaldo alude a um interlocutor que escuta sua narração. Em Nove Noites (2002), de Bernardo Carvalho, um dos narradores, Manoel Perna, realiza um procedimento semelhante ao endereçar sua narração a um interlocutor que não conhecemos igualmente. Assim, há um ponto de contato entre a narração de ambos os romances do qual advém a formação da identidade individual pelo contato com a alheia. Neste artigo discutiremos este ponto de contato a partir do ‘ponto de sutura’, de Stuart Hall, e apresentaremos os efeitos depreendidos dessas interlocuções a partir de uma base teórica narratológica.
Programa de Pós-Graduação em Letras, Cultura e Regionalidade - Mestrado Acadêmico
Este trabalho discute a presença da regionalidade e da universalidade na obra Sagarana, de João Guimarães Rosa. Para tanto, são utilizados fundamentos teóricos oriundos dos estudos sobre imaginário social e identidade cultural, visando analisar a contribuição dos elementos imaginários e identitátios para a construção da regionalidade do universo ficcional representado, bem como para a expressão de sua pretendida universalidade. Examinam-se diversas formas de representações simbólicas valorizadas na região e como elas encerram aspectos de universalidade, vertidos em linguagem literária. Trata-se de uma discussão interdisciplinar apoiada na Literatura, na Sociologia e na Antropologia, inserida no contexto dos estudos da regionalidade.