Este trabalho tem por objetivo analisar a condição de proprietários das personagens Paulo Honório e Riobaldo, protagonistas dos romances S. Bernardo e Grande sertão: veredas, escritos por Graciliano Ramos e João Guimarães Rosa, respectivamente. Vamos investigar o percurso que ambos traçaram para sair da condição de pobreza e serem alçados ao posto de donos de terras, os mecanismos de violência que empregaram e a maneira como lidam com seus dependentes. Tentaremos demonstrar como a formação desses proprietários se deu em um momento no qual o país vivia um processo de modernização conservadora, totalmente dissociado da inclusão social. Dessa forma, eles não hesitarão em empregarem violência, práticas clientelistas e presentear seus dependentes com migalhas, para conseguirem e assegurarem suas propriedades.
Este trabalho é parte integrante do Projeto de Pesquisa “Enciclopédia do grande sertão” e tem
como objeto de estudo a palmeira buriti e a saudade presente em Grande Sertão: veredas, de
João Guimarães Rosa. Encontramos no referido romance uma espécie de paráfrase da primeira estrofe do poema gonçalvino, quando Rosa também faz uso de uma palmeira para singularizar o sertão. Além dessa intertextualidade, encontramos ainda várias passagens em que a palmeira buriti é usada de maneira poética para falar dos gerais. Comprovaremos por meio de passagens da narrativa de Rosa e de comparações com o poema de Gonçalves Dias que a palmeira, no caso de Rosa, o Buriti, é símbolo emblemático desde o romantismo. Dentre as inúmeras relações que o buriti tem em Grande Sertão: veredas, uma delas é a relação com as veredas. Se os personagens sentem saudade de suas veredas, sentem também de suas palmeiras, pois a vereda é o reino dos buritis.
Em Grande Sertão: Veredas (1962), o narrador Riobaldo alude a um interlocutor que escuta sua narração. Em Nove Noites (2002), de Bernardo Carvalho, um dos narradores, Manoel Perna, realiza um procedimento semelhante ao endereçar sua narração a um interlocutor que não conhecemos igualmente. Assim, há um ponto de contato entre a narração de ambos os romances do qual advém a formação da identidade individual pelo contato com a alheia. Neste artigo discutiremos este ponto de contato a partir do ‘ponto de sutura’, de Stuart Hall, e apresentaremos os efeitos depreendidos dessas interlocuções a partir de uma base teórica narratológica.
O objetivo deste artigo é analisar em Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, a relação homoafetiva presente no texto, mais precisamente o vínculo afetivo existente entre as personagens Riobaldo e Diadorim, paixão essa inexplicável e impossível nutrida no Grande Sertão criado por Rosa. E, dessa forma, compreender como o autor representa essa temática em seu romance tentando, assim, desvendar de que maneira o amor homoerótico é inserido na tessitura da narrativa.