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por Marcos Jorge
fotos por Cecília Bastos

 

Veja também:
Entre o consumo e o abuso
Identificar e tratar o consumo abusivo de álcool e drogas é o mais novo desafio do Sisusp

 

 

 

 

Foto crédito: Cecília Bastos
Ricardo Amaral, que em 2004 publicou um trabalho sobre o consumo de álcool entre os funcionários da Prefeitura do campus da capital.


“No caso dos docentes é mais sério, porque estes muitas vezes ocupam cargos de alta gerência, professor titular, chefe de departamento, etc. Logo, ninguém tem liberdade de falar que determinado professor não pode dar aula porque bebeu demais”, diz Guerra. A aproximação do paciente é um dos desafios do projeto. “Quando o professor tem o problema ele não gosta de ir ao IPq. Infelizmente a imagem da psiquiatria ainda sofre um certo preconceito”, admite o coordenador do Grea. “A Universidade preocupada com isso está buscando locais sem um estigma negativo que possam receber esse docente. Já o funcionário terá um grupo de atendimento dentro do próprio ambiente de trabalho.”

São três os momentos cruciais em que se identifica um caso inicial de alcoolismo ou dependência de drogas. Primeiro, a hora do almoço, em que o indivíduo bebe demais e os colegas precisam cobrir seu trabalho. Segundo, as festas de confraternização, pois ele procura o álcool antes de qualquer outra coisa. Por fim no hospital, uma vez que os dependentes são os que mais buscam consultas médicas.

Em 2004 o médico Ricardo Amaral publicou um trabalho interessante em que foram avaliados cerca de 200 trabalhadores da Prefeitura do campus da capital sobre o consumo abusivo de álcool. Por meio de um questionário simples, anônimo e pouco intimidativo chamado Cage, o pesquisador detectou que 19,8% dos funcionários têm problemas relacionados com o álcool, o que pode indicar um caso inicial de alcoolismo.

“O número não é maior que a média da população brasileira, mas preocupa por se tratar de um ambiente de trabalho, o que acarreta maior probabilidade de acidentes de trabalho”, afirma o médico que também atua no Grea. Do ponto de vista social, o consumo do álcool pode excluir o indivíduo no trabalho, isolando-o dos seus colegas. Amaral também encontrou um índice quase insignificante entre as mulheres entrevistadas, “os homens encaram a bebida como uma coisa natural, inclusive como ferramenta social, além disso, a mulher em geral tem uma tolerância menor ao álcool”, conclui.

Para Arthur Guerra, pesquisas, projetos e iniciativas como a do Sisusp são válidas, e o mais difícil já foi feito. “Antes de tudo, a Universidade  tem que admitir que o problema existe. A partir daí tomar ações de ordem de tratamento e prevenção, informando exaustivamente o funcionário e o docente”, diz Guerra.

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