Entrevistas

KUNG-FU: TEMPO DE APRENDIZADO

Por

Felipe Moraes 9879880 – felipgabriel@gmail.com

 

O kung-fu nasceu há pelo menos 1000 anos (há relatos de estilos que nasceram há mais de 500 anos A.C.).
Existem algumas traduções literais e aproximadas, mas uma das que mais se disseminaram foi a de que o nome signifique “Tempo de Aprendizado”, onde o importante é o tempo em que se dispõe para aprender esta arte marcial.
Muitas ramificações e estilos de kung-fu existiram e ainda existem, dentre as quais podemos destacar o Jeet Kune Do disseminado por Bruce Lee, Garra de Águia, Louva-Deus, Cho Lai Fat muito praticados aqui no Brasil, mas com certeza não podemos deixar de citar as mais praticadas no mundo:
Wing Chun, proveniente e disseminado pelo mestre de Bruce Lee; Wushu que comumente é disputada como arte contemplativa e de demonstrações de formas artísticas tanto com as mãos nuas como com armas de uma forma NÃO-COMBATIVA; e por fim o Sanda, uma espécie de boxe chinês e assemelhando-se bastante com Kickboxing e Muai Thai.

Durante séculos a arte primou por passagem de conhecimento para discípulos mais quistos de seus respectivos mestres ainda que os mesmos fossem parte da família, e muitos dos estilos foram passados ao longo dos anos de pais para filhos, o que eventualmente causou o esquecimento ou a não passagem, pois dentre as peculiaridades dos estilos há uma grande exigência de disciplina, assertividade, atenção e merecimento agregado à um grau de dificuldade de aprendizagem muito difícil.
O kung-fu em sua grande maioria, trata-se de uma modalidade de arte marcial que não é um “prato-pronto”, cheio de peculiaridades e singularidade pra auto-defesa, formas e filosofia, torna-se dificil nos dias de hoje e com o passar dos anos, já que a busca por resultado de um jeito mais prático sem treinamentos extenuantes ou de difícil aprendizagem.
Ainda sim, o padrão da passagem de “bastão” perdurou-se e muitos estilos tem em seus respectivos mestres, professores ou instrutores, histórias de pessoas que foram tidas como discipulos exemplares ou familiares e nesse padrão, entra o nosso entrevistado que fora apresentado ao kung-fu pelos seus irmãos (o entrevistador inclusive é um deles) e que passou para ambos os irmãos o que fora passado pelo professor e mestre do estilo.
Enzo Micael Silva Gaeta de Moraes, estudante, 18 anos e praticante do estilo Punho da Serpente Sagrada (Shen She Chuen) há 2 anos.

BJE – Porquê o kung-fu?

 

Enzo Moraes – Fui levado pelos meus irmãos à prática na mesma idade em que eles iniciaram e achei interessante pra minha auto-defesa, pra melhorar a estrutura do meu corpo, reflexos e até controle de ansiedade

 

BJE – Já disputou algum torneio ou campeonato?

Enzo Moraes – Nunca. Leva-se um tempo na academia (escola) que pratico para participar de torneios tanto para wushu no nosso estilo como das lutas que incluímos Sanda no currículo do estilo. Mas eu acredito que no ano que vem, nas apresentações do ano novo chinês, nossa academia entrará com um quadro de apresentação e eu estarei lá

BJE – Como aparentemente você não possui premiações, conte-nos efetivamente o que houve de avanço para você desde que entrou no kung-fu, coisas como emocional, mental, físico e etc..?

 

Enzo Moraes – Perdi mais de 10kg, aumentei meu fôlego, apetite e interesse por atividades corporais já que eu ficava maior parte do tempo na frente de um computador. Respeito pelas pessoas mais velhas com certeza, aprendi o valor de hierarquia estando aqui.
Ah sim… o valor de insistir também é algo que vou sempre carregar pra mim

BJE – Qual parte mais gostosa e a mais difíceis nos seus treinos e a carga horária?

Enzo Moraes – Treino 3 vezes por semana, com 1 hora e meia cada treino. Acho que os exercícios de resistência são bem complicados porque ali sabemos quais limites do nosso corpo, mas são muito desgastantes e por vezes ficamos bem doloridos.A parte mais gostosa com certeza são as partes que aprendemos novas técnicas, que aqui demora um pouco pra aprendermos

BJE – Notei que o uniforme não compõe uma faixa como costumeiramente vemos em outras artes… porquê?

Enzo Moraes – Bem curiosa a pergunta e a resposta basicamente é bem besta… hahahah… Ouvimos desde os primeiros treinos que faixa é pra segurar as calças e que é coisa inventada por ocidental pra ganhar dinheiro em cima de aluno. E pela lógica do nome da arte marcial, o que importa mesmo é o tempo de aprendizagem, já que aqui é o que conta. Nos tratamos na academia como irmãos mais velhos e mais novos e tenho companheiros de lutas mais novos q eu que praticam a arte desde os 5 anos de idade, fazendo-os serem meus irmãos mais velhos por exemplo.

BJE – Bom, vamos encerrando a entrevista… Gostaríamos que desse uma dica pra quem quisesse praticar a arte.

Enzo Moraes – Agradeço pelas perguntas e interesse e caso alguém se interesse, não é preciso de peso específico, altura, idade, cor, gênero, raça ou etc… Precisa de disposição para saber que o seu corpo e mente são as melhores ferramentas para o avanço de técnicas e formas, que não é uma arte marcial fácil por não ter tanta simplicidade em ensinamentos, mas que é gratificante aprender os preceitos dos estilos acompanhados com lições e filosofia.
Ter também paciência é quase que preponderante para o sucesso na arte e muita vontade de aprender infindáveis coisas.