Crônicas

A ARTE DE ABRAÇAR UM ILUSTRE DESCONHECIDO, por Valeria Contado

E nesse momento, meus caros amigos, o cara quem chamávamos de adversário vira nosso companheiro de time. O vizinho que outra hora nos gritava na varanda quando o nosso time de coração perdia o clássico, agora se junta a nós, lado a lado, braços dados por um desejo: o hexa. Vocês se olham, a indiferença da rivalidade ainda paira, mas agora – não me entendam mal – o inimigo é outro. Estamos juntos. Unidos. O futebol já foi capaz de parar guerras sim, e é mais do que capaz de unir palmeirenses e corintianos, flamenguistas e vascaínos, colorados e tricolores em uma só voz, em um só sentimento. Isso, meus caros amigos, é o que chamamos de copa do mundo. Está aí também o respeito pelo rival, o aperto de mão entre Brasil x Argentina. Nem um 7 x 1 pode abafar essa paixão que entra em campo e que só cresce mais e mais cada vez que rola a bola. Nada pode calar um grito de gol, e nada vai superar ver o seu capitão – Cafú ou Neymar – erguendo a taça. Mais do que a tão grandiosa Copa do Mundo, o futebol é a arte de abraçar um ilustre desconhecido.

Valéria Contado para o Especial “Crônicas Esportivas, Copa do Mundo e Seleção Brasileira de Futebol”