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Esporte: Um estilo de vida

Hoje nossa entrevista é com Arno Cadilhac Júnior, 41, professor de educação física formado em 2010 e bacharelado em 2011 pela UNIP (Universidade Paulista), com curso de extensão na Federal de São Paulo em Personal Trainer e pós graduação na USP (treinamento de força na saúde até o alto rendimento) e UNIFESP (fisiologia do exercício). Dá aulas de educação física em escolas públicas na cidade de Registro, onde reside, sendo também o técnico de futebol do município em Jogos Regionais do Interior e Jogos Abertos do Interior.  Pai de Mariana Cadilhac e Igor Cadilhac, 3 e 2 vezes campeões brasileiros de xadrez,
respectivamente, o professor, muito satisfeito com sua escolha profissional, orgulha-se de
seu trabalho e, principalmente, de seus filhos. Ressalta que o esporte é uma filosofia de
vida e pode gerar grandes impactos na vida das pessoas, assim como mudanças na
sociedade, desde que tratado com a devida importância.

Eduardo: O senhor se formou em educação física e hoje dá aulas nessa área, além de treinar o time de futebol da cidade nas diversas categorias. O que te fez decidir transformar o esporte em emprego?
Arno: Comecei a trabalhar na educação física por gostar de esportes num modo geral, mas depois o prazer das disputas e a vontade de ensinar foram aumentando esta paixão.

Eduardo: Quais benefícios o esporte, tanto como competição, quanto como atividade física, traz para as pessoas?
Arno: Todos os dias saem artigos e notícias cada vez mais significativas sobre a melhora na saúde através da atividade física, que proporciona mudanças fisiológicas no seu corpo. Mas, quando essa é transformada em esporte, somam todas estas melhorias com autoestima, determinação e perseverança, que fazem estes atletas atingirem padrões de realizações acima do esperado.

Eduardo: Seus filhos, Igor e Mariana, tem um excelente histórico esportivo profissional. Qual o senhor sente que foi sua contribuição para isso?
Arno: Creio que minha participação é muito ativa, pois, sem o apoio da família, as chances de uma pessoa se tornar atleta são muito baixas. O emocional tem que ser trabalhado, há o investimento financeiro… Enfim, tem que doar o tempo todo da família para o esporte e, às vezes, controlar os altos e baixos não é uma tarefa fácil.

Eduardo: Quais foram as maiores conquistas que os times, ou pessoas individualmente,
que o senhor já treinou, conquistaram?
Arno: Tenho 23 títulos municipais e cinco da fase sub-regional estadual como técnico de futebol. E há um maratonista amador, que começou correndo apenas 5km e eu acompanhei toda sua evolução até quando ele passou a correr 42 km. Mas meu maior orgulho é a periodização de treinos que fiz para meus filhos.

Eduardo: Qual seu esporte favorito? E por quê?
Arno: Futebol sem dúvidas, pois cresci acompanhando tudo de futebol e joguei na várzea da minha cidade. Além disso, pessoas da minha idade viram muitos craques jogar e, assim, o futebol se popularizou tanto.

Eduardo: Normalmente, no meio esportivo, temos grandes histórias. Alguma te marcou? Se puder, nos conte.
Arno: Gosto muito da história de um enxadrista brasileiro, que já havia cometidos alguns delitos, estava se perdendo em questões éticas e morais e trabalhava nos faróis. Quando conheceu o xadrez sua vida começou a mudar, foi campeão paulista e hoje ganha a vida como jogador de xadrez profissional e lecionando aulas do esporte na cidade de Barueri. O nome dele é Fernando.

Eduardo: Recentemente, uma medida que torna a educação física não obrigatória foi proposta. Como professor da área, o que você acha disto?
Arno: Esta medida, em minha opinião, é um retrocesso nacional. Não é de hoje que o esporte transforma as pessoas e existem muitos exemplos disso, inclusive o Fernando. Isso mostra que as decisões políticas no nosso país são arbitrárias e retrógradas.

Eduardo: A palavra é sua! Suas considerações finais.
Arno: Primeiramente, agradecer ao amigo pela oportunidade da entrevista e dizer que o Brasil está repleto de professores de educação física, que, assim como eu, querem transformar a vida das crianças que estão com eles. Mesmo em situações precárias de trabalho , temos um amor no coração à nossa atividade, que sempre faz a diferença. Se as repartições públicas dessem o devido valor e investissem na área, que em minha opinião muda não só a vida do atleta, mas também de sua família e de seus amigos, as coisas seriam muito diferentes.