ISSN 2359-5191

23/04/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 23 - Saúde - Instituto de Química
Lesões do DNA se tornam indicadores de doenças

São Paulo (AUN - USP) - O desenvolvimento de marcadores biológicos que identifiquem doenças é um dos principais objetivos de pesquisas realizadas no Instituto de Química (IQ) da USP. “Dispor de biomarcadores sensíveis e com detecção precoce pode ter importância na implementação de estratégias preventivas em diversas patologias”, diz a professora Marisa Helena Gennari de Medeiros, do Departamento de Bioquímica. Ela lidera um grupo de estudos de processos redox (oxidação e redução) no organismo e explica o porquê da relevância dessas reações na gestação de enfermidades.

Marisa afirma que algumas espécies de oxigênio molecular “são reativas o suficiente para provocar lesões em biomoléculas como o DNA, lipídeos e proteínas”. As reações estão associadas a “eventos patológicos que podem estar envolvidos nos mecanismos de diversas doenças”, diz. Uma pessoa pode acumular algum tipo de lesão ao longo de sua vida, o que ocorre quando os mecanismos naturais de reparo não funcionam. Muitas vezes, esse acúmulo provoca mutações em moléculas biológicas, um dos mecanismos iniciais de vários tipos de câncer.

Danos e mutações em DNA são provocados tanto por produtos normais do metabolismo celular quanto por “fontes exógenas inevitáveis, tais como radiação UV... e numerosas substâncias químicas genotóxicas presentes naturalmente ou como contaminantes na dieta e no ar”, diz a professora. Nesse sentido, o grupo de Marisa observa algumas conseqüências da exposição humana à poluição ambiental. A contaminação da atmosfera urbana por carros produz, entre outros, um composto tóxico à célula, o acetaldeído ou etanal.

Testes feitos com ratos de laboratório comprovam a relação dos aldeídos com mutações celulares. Como os animais são expostos a uma alta concentração de poluentes, o acúmulo de acetaldeído em seus organismos torna-se patológico. O que o grupo de Marisa pretende determinar é o nível de exposição diária a poluentes urbanos capaz de provocar doenças em seres humanos. Para tanto, observa o potencial mutagênico de concentrações pequenas de etanal, em quantias que se espera encontrar in vivo.

O que poderia ser utilizado como biomarcador para doenças tais como o câncer? A professora explica que os marcadores são justamente as moléculas de DNA e proteínas com lesões. Como diferentes patologias são causadas por diferentes tipos de danos, uma vez que lesões específicas forem identificadas e isoladas, será possível diagnosticar o início de uma série de enfermidades e estados patológicos como distrofia muscular, artrite reumatóide e arteriosclerose.

Uma vez que aldeídos acarretam um estresse oxidativo, ou seja, aumento das reações de oxidação em detrimento das de redução, as pesquisas do laboratório de Marisa buscam ainda identificar que elementos da dieta possuem capacidade anti-oxidante e protejam o organismo. O objetivo é relacionar algum componente da alimentação à proteção de lesões oxidativas. “Um grande estudo epidemiológico nos Estados Unidos mostrou que o licopeno, presente no tomate, está relacionado à prevenção do câncer de próstata”, diz, exemplificando um dos projetos do grupo. Encontrar o elemento anti-oxidante da dieta é de grande importância para o desenvolvimento de um tratamento.

Unidos, os resultados dessa pesquisa pretendem se tornar ferramentas valiosas para médicos e toxicologistas. Detectar indícios precoces de doenças e estabelecer um tratamento efetivo irá diminuir em larga escala o agravamento de patologias. Ademais, tais biomarcadores podem ser utilizados em estudos epidemiológicos e gerar medidas públicas de prevenção.

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