ISSN 2359-5191

27/03/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 01 - Saúde - Instituto de Psicologia
Stress e “coping” explicam contusões de Guga e Ronaldinho

São Paulo (AUN - USP) - Para o professor doutor Esdras Vasconcellos, do Instituto de Psicologia da USP e especialista em stress, algumas lesões podem ser utilizadas como mecanismo de “coping”. Segundo ele, em palestra realizada no último dia 15 na Escola de Educação Física e Esportes da USP, toda vez que o cérebro prepara uma resposta à situação de stress, ele realiza um processo de criação de mecanismos de “coping”, que podem ser definidos como as respostas aprendidas (automatizadas) ou voluntárias do organismo. Nesse caso, se enquadram duas situações distintas, que extrapolam o campo fisiológico: as contusões do tenista Gustavo Kuerten e do jogador Ronaldinho. No caso de Guga, pode-se dizer que a lesão ocorreu devido a um “coping positivo”, à medida que o jogador passava por um momento de stress físico e psicológico. A contusão foi o mecanismo que o organismo encontrou para atenuar o stress do tenista. Já a lesão de Ronaldinho pode ser classificada como “coping ineficiente”. No seu caso, toda a mobilização feita a partir do cérebro para o sistema muscular e esquelético não obteve resposta adequada do atleta, que ainda contunde-se facilmente e não demonstra total confiança na sua recuperação.

Segundo Esdras, as situações de stress a que estamos submetidos no cotidiano e as posteriores respostas do organismo dependem de todo um contexto de alterações físicas e psicológicas que ocorrem particularmente com cada ser humano. Nesse sentido, pode-se dizer que o stress está intimamente ligado aos sistemas nervoso, endócrino e hormonal, além de depender também do dia a dia e da constituição genética e biológica de cada pessoa. Muitos estudos comprovam também que as formas pessoais de resposta às situações de stress são semelhantes em pessoas de convivência próxima.

Todo o processo ocorre da seguinte forma: nos primeiros 10 milisegundos, o stress é uma reação do sistema nervoso central, constituindo um ato reflexo involuntário que não tem como ser evitado. Nesse momento, ele é intersistêmico, e todo o corpo é afetado. Após uma resposta biológica (14 milisegundos depois), o stress causa uma resposta cognitiva (aprendida), afetando mais diretamente um sistema do corpo e criando um mecanismo de “coping”.

No campo esportivo, as competições constituem situações de stress permanente para os atletas, que, ao aprenderem uma determinada técnica, estabelecem uma conexão biológica (trilha neuronal) que possibilita a criação de um sistema de “coping”. A observação freqüente de modelos esportivos também pode acabar desenvolvendo um mecanismo de “coping”, desde que esse modelo crie uma conexão biológica, e não apenas psicológica (daí a importância dos treinamentos). Para um atleta de alto nível que possui estratégia de competição (conhecimento cognitivo aliado a repertório motor) pode-se dizer que há o desenvolvimento de um “coping esportivo”. No caso, esse atleta já desenvolveu tantos mecanismos de aprendizado, que consegue enfrentar facilmente as situações adversas que possam aparecer.

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