São Paulo (AUN - USP) -A demanda por profissionais especializados na área de educação ambiental é crescente, mas a falta de uma disciplina especifica sobre o assunto no currículo regular das escolas brasileiras cria dificuldades para a formação desses profissionais. “Faltam educadores preparados para falar sobre ciências da terra e geociências tanto no ensino fundamental, como no ensino médio.” diz o professor Paulo Boggiani, do Ligea - USP (Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental da Universidade de São Paulo), único curso superior existente na área , e que já formou dois alunos desde sua criação, em 2004.
O curso, então, tem caráter inovador ao formar um educador que não vai atuar somente numa determinada área. “É um curso novo, que forma um profissional para uma disciplina nova, que não existe ainda”, diz Boggiani. Porém, algumas escolas técnicas especializadas e também colégios particulares já inseriram a educação em ciências da terra como matéria curricular. “A escola privada que tem essa liberdade, que quer inovar seu currículo, vai ter um profissional diferenciado”, completa Boggiani.
Até os anos 60 os cursos de Geologia e Biologia não existiam separadamente. O curso de História Natural reunia as duas formações e de lá saiam naturalistas, que tinham um bom conhecimento em ambas as áreas. Com o governo de Juscelino Kubitschek, porém, o curso foi desmembrado e devido a intensa busca por petróleo os geólogos foram sendo rapidamente absorvidos por empresas como a Petrobrás, desvinculando-se da área educacional. Os biólogos, então, assumiram a parte de educação em geociências, mesmo não sendo especializados no assunto.
Os reflexos do despreparo dos docentes para o ensino de geociências podem ser observados tanto nas aulas quanto na elaboração do material didático. No ensino fundamental o assunto é abordado nas aulas de Ciências e no ensino médio nas de Geografia, mas nenhum desses educadores está realmente apto a abordar o assunto em sala de aula. “O primeiro passo para introduzir a disciplina de Geociências nas escolas é formar profissionais especializados e esse passo nós estamos dando” diz Boggiani. A presença dos educadores ambientais nas escolas será positiva também para os geólogos, os quais não têm sua profissão muito divulgada na sociedade.
O campo de atuação desses profissionais, porém, não se resume as escolas. A educação informal, em ongs, museus e empresas, é uma área em crescimento. As mineradoras, especialmente, contratam tais educadores para fazer um trabalho de conscientização sobre os impactos da mineração na natureza e como esses podem ser minimizados sem que afetem a produtividade.