ISSN 2359-5191

22/10/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 110 - Educação - Faculdade de Saúde Pública
Ciclismo enfrenta cultura e valores sociais na América Latina

São Paulo (AUN - USP) -Estudos feitos pela Fundação Cidade Humana da Colômbia mostram que as principais barreiras contra o ciclismo são sociais. Contudo, de acordo com o diretor da fundação, Ricardo Montezuma, o transporte não-motorizado pode ser bem sucedido caso o fator social seja trabalhado ao lado da infra-estrutura urbana e da gestão continuada.

O tema da bicicleta nas cidades latino-americanas teve grande destaque durante o Fórum Internacional de Atividade Física, Saúde e Ambiente, realizado recentemente na Faculdade de Saúde Pública da USP. Entre o lazer dominical e o uso diário, o ciclismo foi defendido como opção saudável, econômica e não-poluente para as cidades metropolitanas.

Apesar da aparente simplicidade, implantar o ciclismo tem sido um desafio para muitos governos. Para Montezuma, o erro das políticas públicas é agir apenas no aumento da infra-estrutura (com a construção de ciclovias) e não em campanhas de incentivo à vida saudável e à educação de trânsito. “O ciclismo exige uma mudança de comportamento que leva muito tempo”, explica ele.

Em cidades como São Paulo, as barreiras para as bicicletas vão muito além da falta de ciclovias. A falta de sinalização e consciência (dos motoristas e dos próprios ciclistas) faz com que o número de acidentes de trânsito seja extremamente alto. Soma-se a isso a poluição intensa e o altíssimo ruído dos carros, o que torna o ciclismo uma opção perigosa e até irresponsável.

As dificuldades aumentam quando o sistema de transporte público não se integra ao viário. De acordo com os estudos da fundação, a distância ideal a ser percorrida por bicicleta seria de cerca de 4km: abaixo de 1km ou acima de 7km, a opção deixa de ser vantajosa em relação aos outros meios. Por isso, o ciclismo deve ser pensado como um transporte local, a ser usado até estações de metrô ou dentro de bairros residenciais, por exemplo.

Mesmo com todos esses problemas, o maior desafio continua sendo social. Como grande parte dos usuários de bicicletas o faz por necessidade, elas acabam sendo vistas como um “veículo de pobres e de homens”, como sentenciou o diretor. “De homens”, porque em muitas cidades as mulheres são vistas com grande preconceito. O especialista cita o exemplo do Peru, onde mulheres em bicicletas são freqüentemente confundidas com prostitutas.

Experiência paulista
Durante o Fórum, o prefeito de Sorocaba, Vitor Lippi, apresentou um raro programa bem-sucedido de incentivo ao ciclismo, o “Pedala Sorocaba”. Além da extensa rede de ciclovias e da pretensão de disponibilizar dez mil bicicletas à população, a grande inovação do político foi unir nove secretarias em torno do mesmo projeto, com especialistas em saúde, meio ambiente, juventude e outras áreas relacionadas. O sucesso se deveu também a um conjunto de atividades comunitárias de incentivo à saúde, como caminhadas e implantação de academias públicas.

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