São Paulo (AUN - USP) -O tratamento de animais selvagens é algo ainda pouco disseminado no Brasil. Imagine então o tema de odontologia selvagem, um campo ainda pouquíssimo explorado no país. O professor Marco Antonio Gioso, do Departamento de Cirurgia (VPI), da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), da Universidade de São Paulo (USP), um dos maiores especialistas na área, apresentou, recentemente, um estudo sobre o “Histórico e Introdução à Odontologia de Animais Selvagens”, como parte do XI Congresso e o XVII Encontro organizado pela ABRAVAS (Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens), abarcando o tema “Clínica de Animais Selvagens”.
Gioso afirma que o principal objetivo de sua palestra é levar parte de seu conhecimento sobre odontologia para alunos e profissionais da área de veterinária. “Quando eu comecei a fazer odontologia, no final dos anos 1980, era difícil convencer um zoológico a anestesiar os animais para examinar e tratar a boca dos animais. Hoje isso está sendo superado, graças, principalmente, a eventos como este”, afirma o professor.
Na palestra, o professor abordou aspectos sobre a história da odontologia desde seu início, principalmente no Brasil. “Fiz um apanhado geral da história da odontologia, especialmente no Brasil, desde que quando ela começou, o que data de 1988, quando eu comecei a atuar na área”. Participante do primeiro curso ministrado, em 1992, em Salvador (BA), um congresso da Anclivepa (Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais), o professor diz que sua apresentação trouxe, principalmente, sua experiência nesses encontros. “Falei da criação da ABOV (Associação Brasileira de Odontologia Veterinária), e dos três congressos que já fizemos sobre o assunto no Brasil, inclusive trazendo um evento da área, o Congresso Mundial de Odontologia Veterinária”, diz Gioso que apresentou colegas que atuam exclusivamente com odontologia, falando da Odontovet, primeira clinica exclusiva de odontologia do hemisfério sul e segunda assim no mundo, fundada em 1994.
O professor afirma que o principal problema da odontologia em animais silvestres ainda é o baixo número de profissionais que atuam na área. “A odontologia já não é mais tão incipiente no Brasil, mas na área de animais silvestres poucos colegas atuam. Assim que anestesiamos um animal, dever-se-ia ter um colega especializado em odontologia examinado a boca e programando tratamentos, caso fossem necessários, mas isso nem sempre ocorre devido ao baixo número de profissionais capacitados”, explica o professor.
A participação de profissionais estrangeiros é outro ponto destacado pelo professor para mostrar o sucesso do evento. “Trouxemos o especialista Peter Emily, americano, que seria hoje uma espécie de padrinho mundial da odontologia veterinária. Ele tem quase 80 anos de idade, e ainda está ativo! É uma honra muito grande tê-lo aqui entre nós, de novo”, exalta o professor.