São Paulo (AUN - USP) -Uma nova pesquisa, coordenada pela professora Maria Ercília de Araújo da Faculdade de Odontologia da USP (FOUSP), irá traçar o perfil do cirurgião dentista no Brasil. O trabalho, que é realizado a pedido do Ministério da Saúde, mapeará a distribuição demográfica dos cirurgiões dentistas, sua situação social, definirá o perfil da formação técnica da área, além de analisar em que postos do mercado de trabalho esses profissionais se encontram atualmente. O projeto conta com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) além de importantes entidades da área odontológica, como o Conselho Federal de Odontologia (CFO), Associação Brasileira de Ensino Odontológico (ABENO), Associação Brasileira de Odontologia (ABO), entre outras.
A primeira fase do projeto será de coleta de dados. “Iremos cruzar os bancos de dados das diversas associações que participam do projeto com os cadastros nacionais dos estabelecimentos de saúde”, explica Maria Ercília. Já na segunda fase serão aplicados questionários que irão fornecer informações particularizadas de cada profissional.
Segundo a professora, o perfil dos profissionais de odontologia se alterou sobretudo a partir da década de 80. Até esse período, a maioria dos dentistas e cirurgiões dentistas trabalhava no setor privado. “Havia um ideário de que você estudava Odontologia e iria ter uma clínica particular. Esse modelo não se sustentou.” Entre as razões disso, ela aponta a ampliação do número de faculdades, que passou de 80 para 184, segundo Maria Ercília. Com o aumento dos investimentos em saúde pelos sucessivos governos, e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988, o setor público passou a ser atrativo. Atualmente, cerca de 90 mil dentistas estão vinculados ao SUS. “Essa pesquisa responde a essa demanda do governo saber onde e como estão distribuídos os profissionais. Então primeiro iremos ter clareza de onde estão os problemas para depois procurar soluções” diz a professora, que completa: “Iremos estabelecer a relação entre a realidade social e a profissão, e subsidiar avaliações de tendências que irão contribuir no planejamento do setor público de saúde”.