ISSN 2359-5191

07/05/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 20 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Professora da USP realiza estudos pioneiros a respeito de produtos apícolas

São Paulo (AUN - USP) - Não existiam trabalhos prévios sobre as vitaminas presentes no pólen apícola nacional antes da pesquisa empreendida pela professora doutora Ligia B. A. Muradian, docente da FCF (Faculdade de Ciências Farmacêuticas) da USP. A professora, que trabalha no Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Faculdade, analisou as vitaminas antioxidantes (beta-caroteno como pró-vitamina A, vitaminas C e E) e vitaminas do complexo B (B1, B2, B3 e B6) presentes no pólen apícola, que é resultado da coleta e aglutinação do pólen das flores realizada pelas abelhas operárias, utilizando néctar e as substâncias salivares dos insetos. O material é fonte de nutrientes para as abelhas e, depois de desidratado, serve como complemento nutricional para humanos.

Mas essa é apenas uma das inúmeras linhas de pesquisa da professora Ligia. Ela também estudou a diferenciação entre mel da Apis mellifera (abelha comum) e o mel da Jataí (uma abelha indígena que não possui ferrão), o que lhe rendeu uma dissertação de Mestrado recém-concluída. Ela também publicou a validação da análise do composto artepillin C, um indicativo da própolis verde brasileira. Pioneira na área, a professora é a única representante brasileira que tem participado das reuniões anuais da International Honey Commission (Comissão Internacional do Mel). “A comissão reúne pesquisadores do mundo todo que estão trabalhando na harmonização de métodos de análise e no controle de qualidade dos produtos apícolas”, afirma. Atualmente, a docente participa de grupos de estudo a respeito de geléia real e pólen, bem como méis de abelhas sem ferrão, tema em que atua como coordenadora.

A professora informa que, no Brasil, o mel já tem uma padronização de métodos de análise para o seu controle de qualidade, inclusive com legislação própria e indicação dos métodos oficiais. Ela trabalha com o controle de qualidade do mel e com os outros produtos apícolas no Laboratório de Análise de Alimentos da FCF-USP. O estudo se baseia principalmente no controle físico-químico de qualidade, ou seja, se o produto apresenta alguma alteração em função dos parâmetros previstos na legislação brasileira, assim como a padronização de métodos analíticos.

Em 2008, ela lançou o “Manual de Controle de Qualidade do Mel”. Na publicação, são descritas as principais determinações referentes ao controle físico-químico do produto, bem como as ferramentas de que o apicultor dispõe para evitar que seu mel não se apresente em desacordo com os parâmetros indicados pela legislação brasileira. Para os demais produtos apícolas, no décimo capítulo do livro “Vigilância Sanitária – Tópicos de legislação e análise de alimentos”, lançado em 2007, também de autoria da professora, são mencionadas as análises físico-químicas indicadas para o controle de qualidade de outros produtos das abelhas como o pólen, a própolis e a geléia real.

Cada produto proveniente das abelhas tem características bem demarcadas. A geléia real, isto é, a substância utilizada para alimentar as larvas que posteriormente se transformarão em rainhas, é completamente diferente do mel. As diferenças vão desde as suas propriedades sensoriais, como aparência (esbranquiçada) e gosto (adstringente, não doce), até a sua composição. A professora explica a composição da geléia real é de basicamente 63% de água, 19,5% de carboidratos (açúcares), 13% de proteínas, 3,5% de lipídeos (gorduras) e 1 % de cinzas (minerais). Nas pesquisas com geléia real comercializada em São Paulo, foram encontradas as vitaminas B1 (tiamina), B2 (riboflavina), B3 (niacina) e B6 (piridoxina).

Quando comparado à geléia real, o mel é mais líquido e doce e sua composição básica é composta basicamente por água e açúcares, sobretudo glicose e frutose. O mel possui também quantidades pequenas de sais minerais e alguns ácidos.

“A geléia real possui um composto que seria algo como a sua ‘impressão digital’, um ácido chamado 10-HDA (ácido 10-hidróxi-2-decenóico)”, diz a professora. Ela publicou a padronização e validação do método de determinação desse ácido, que tem sido usado como indicador de qualidade e frescor da geléia real. “Trabalhamos com produtos comerciais contendo geléia real pura, adicionada ao mel, e nos trabalhos realizados não encontramos nenhuma indicação de fraude”, afirma.

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