ISSN 2359-5191

07/05/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 20 - Sociedade - Centro de Preservação Cultural
VII Semana dos Museus discute diferencial do museu universitário brasileiro
Com o tema “O Museu na Cidade e a Cidade no Museu”, evento bienal reflete sobre o papel do museu universitário fora dos seus limites institucionais e geográficos

São Paulo (AUN - USP) - Há uma diferença essencial entre os museus do Brasil e os europeus: “O nosso museu é vivo, funciona como uma unidade inteira de ensino”, afirmou Ruy Alberto Corrêa Altafim, Pró-Reitor de Cultura e Extensão Universitária em seu discurso na VII Semana dos Museus da Universidade de São Paulo. Ao abrir o evento, realizado entre 27 e 30 de Abril, teceu uma série de elogios ao modelo dos museus universitários brasileiros e em particular aos associados à USP.

A conclusão do Pró-Reitor se baseia no interesse de uma delegação da Universidade do Porto, em Portugal, em conhecer os museus da USP. Segundo ele, isso demonstra que o Brasil está exportando seu modelo museológico para o resto do mundo. Nos estabelecimentos brasileiros acontecem a pesquisa e o ensino de forma intensa, ressaltou, enquanto em Portugal e na Europa em geral essas instituições se prestam mais à preservação do seu acervo e à catalogação de peças.

A Semana dos Museus é um evento com freqüência bienal promovido pela Pró-Reitoria de Extensão Universitária. Sua organização é rodiziada entre os museus estatutários da USP – Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), Museu de Arte Contemporânea (MAC), Museu Paulista (MP) e Museu de Zoologia (MZ) – e o Centro de Preservação Cultural (CPC-USP), responsável pela semana este ano, que trouxe palestrantes da Alemanha, México, Holanda, entre outros países. Nas palavras da professora Maria Lúcia Bressan Pinheiro, diretora do CPC, a edição de 2009 se propôs a pensar “a inevitável vocação dos museus universitários à extensão, voltada para a sociedade como um todo, extrapolando largamente seus limites institucionais ou geográficos.” A intenção foi traduzida no tema “O Museu na Cidade e a Cidade no Museu”.

Algumas formas de externalizar o conhecimento preservado no interior do museu variam desde projetos educativos para atrair a comunidade para a instituição e promover a “alfabetização-científica” e difusão cultural, a cursos para o público especializado ou participação em programas de pesquisa de Pós-Graduação. Outro recurso eficaz é a realização de exposições itinerantes, transportadoras do conteúdo do prédio fixo da instituição até públicos não freqüentadores de seu espaço. “A diferença no nosso modelo é extremamente relevante e motivo de orgulho para a nossa Universidade e para o nosso país”, completou o Pró-Reitor.

Um bom representante do caso é o Museu de Zoologia, que depois de repensar suas diretrizes há 12 anos, abriu-se para o público em geral ,“modernizou sua exposição permanente, passou a realizar exposições temporárias, além de se dirigir ao público em geral e estudantes com exposições monitoradas, palestras, filmes e debates”, segundo seu diretor Sérgio Antônio Vanin. O museu passou também a participar de convênios de interesse público como o realizado com a DERSA, empresa de desenvolvimento rodoviário, visando ao monitoramento da fauna nos entornos da obra da rodovia do Rodoanel.

Já o Museu Paulista, ou Museu do Ipiranga, o primeiro museu público da cidade e do Estado de São Paulo, além das atividades extensionais exemplificadas, escapa de seus limites geográficos quando define a identidade do seu freqüentador. “O Museu foi catalogado pela revista Veja como uma das instituições que melhor representa a paulistaneidade, as feições da cidade e de seus habitantes”, informou sua diretora Cecília Helena Lorenzini de Salles Oliveira. O processo de conservação de alguns objetos em detrimento de outros acaba por definir o que é histórico ou não, num processo de construção de identidade das pessoas, da cidade, da nação. Assim, não somente resquícios do passado da cidade servem de acervo ao museu, mas este também constrói continuamente a cidade.

Por fim, o Pró-Reitor de Pós Graduação, Armando Corbani Ferraz, em seu discurso no evento, apontou a necessidade de evoluir ainda mais o papel dos museus. Sugeriu a ampliação dos programas de Pós-Graduação na área de museologia, tendo em vista a existência de apenas um deles na universidade, o Programa de Pós-Graduação em Arqueologia. “A USP tem como obrigação se despontar em todas as áreas de conhecimento no país. Se nós não fizermos rapidamente integração da área de museus com a formação universitária, estaremos um passo atrás.”

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