ISSN 2359-5191

16/06/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 36 - Educação - Escola de Educação Física e Esporte
Faltam medidas para acabar com a violência no futebol

São Paulo (AUN - USP) - A violência no futebol é maior que nos outros esportes porque já está institucionalizada, explicou Antônio Carlos Simões, professor da Escola de Educação Física e Esporte da USP (EEFE-USP) e coordenador do Laboratório de Psicossociologia do Esporte da mesma instituição. O governo não toma as medidas necessárias e os clubes também não, pois se sentem reféns dos torcedores.

Segundo ele, a violência já está socializada “primeiro porque não se pune, segundo porque as organizadas têm poder de decisão, elas se sentem no direito de bater nos próprios jogadores”. Na Inglaterra, por exemplo, o governo tomou as medidas apropriadas e o problema foi praticamente instinto. Lá havia muita agressão nas torcidas de futebol por causa dos hooligans (em português, arruaceiros) – classificação que se dava a torcidas organizadas que tinham a violência como filosofia.

De acordo com Simões, a violência tem uma história. Nas arenas de Roma ela não estava presente apenas nas arquibancadas, mas também nos jogos. “Naquela época já era tão violento quanto hoje, mas hoje temos os mecanismos para tomar uma posição”.

Apesar disso, ele afirma que “não se pode culpar o esporte”. Segundo ele, há dois tipos de esporte: aquele saudável, praticado por todos, e a instituição esporte, praticada por um indivíduo que é produto e produtor de rendimento. Por causa das pressões por resultado, o esporte perde o lúdico, os jogadores não podem mais brincar em campo.

“Hoje se um jogador faz alguma graça em campo, leva uma canelada pra ficar esperto”, comenta o pesquisador. O juiz, responsável por garantir uma partida limpa, não pune, e a violência se instaura em campo. “O árbitro não segue a regra e isso tira o direito do habilidoso de fazer o espetáculo”. Isso acaba frustrando também o espectador, que fica irritado e, desse modo, mais propício à violência.

Para o professor, é preciso entender porque os juízes permitem que isso aconteça. “Há jogadores que já possuem estigma de serem violentos, porque não se faz nada?”, perguntou. Segundo ele, é muito mais fácil expulsar um jogador de um clube pequeno, que tenha menos poder na federação, e isso precisa ser mudado.

As torcidas podem ser tomadas como pretexto para atos de vandalismo e brigas. Hoje, por causa da facilidade dos meios de comunicação, eles marcam brigas em locais fora do estádio, “por isso a polícia evita que se encontrem”. Ainda mais porque “o indivíduo enquanto agente social só toma uma decisão dessas [agredir alguém ou depredar algo] se estiver em grupo”, explicou Simões.

Apesar de todos os problemas, o pesquisador afirma que torcidas não podem acabar porque “isso equivale a tirar um direito. [A torcida] faz parte do espetáculo esportivo”, reiterou.

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