São Paulo (AUN - USP) - Um sistema automatizado, composto de um braço robótico capaz de esculpir modelos navais em poliuretano e madeira, foi instalado este ano no Centro de Engenharia Naval e Oceânica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). O “robô escultor”, como foi apelidado pelo diretor-presidente do Instituto, João Fernando Gomes de Oliveira, deverá agilizar e otimizar a produção de modelos de navios e plataformas de petróleo, objetos de teste do centro.
“Para produzir esses modelos, o IPT levava praticamente um mês por modelo. Ficava-se com o maior tanque da America Latina aguardando a construção do protótipo”, diz João. Segundo ele, o processo de construção desses protótipos era completamente artesanal. “Antigamente havia uma marcenaria, o IPT fazia o desenho, o marceneiro riscava e ia cortando nas máquinas manualmente ou com copiadores”, explica o diretor.
O novo sistema, desenvolvido em parceria com a Petrobrás, consiste em máquinas que fazem protótipos a partir de desenhos que você faz no computador. O desenho do protótipo é feito num CAD (desenho assistido por computador) tridimensional e uma impressora imprime o produto real. Composto por duas máquinas, uma de prototipagem rápida e o “robô escultor”, para a prototipagem de barcos, o sistema é capaz de fazer modelos com três ou quatro metros de comprimento, significativamente maiores em relação aos produzidos artesanalmente. “Foi a primeira máquina desse tipo na America Latina”, diz João sobre o braço robótico.
Os modelos navais produzidos são destinados a testes de desempenho, a partir de uma simulação no tanque de provas naval e oceânico do IPT. Trata-se de uma estrutura aquática de 280 metros de comprimento, por 6,6 metros de largura e quatro de profundidade. Os cascos de navios são monitorados e arrastados sobre a água para avaliar tanto seu desempenho hidrodinâmico, quanto a propulsão mais adequada a cada tipo de embarcação. No caso dos modelos de plataformas de petróleo, as avaliações são feitas sob a simulação de ondas em alto mar.
O Centro de Engenharia Naval e Oceânica do IPT existe desde 1940 e realiza estudos tecnológicos e projetos relacionados à engenharia oceânica (plataformas offshore, risers, sistemas de ancoragem), engenharia naval (cascos, propulsão, manobras, comportamento em ondas), hidrovias (vias navegáveis, embarcações, terminais, equipamentos, segurança da navegação), transporte hidroviário (otimização logística e viabilidade técnico-econômica e ambiental) e tecnologia de construção naval (métodos e processos de produção).