ISSN 2359-5191

16/04/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 06 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Projeto do IPT, na USP, pode aumentar produtividade de álcool brasileiro

São Paulo (AUN - USP) - Dobrar a produção brasileira de etanol, atualmente em torno de 20 bilhões de litros por ano, sem aumentar um quilômetro quadrado da plantação de cana e sem utilizar um grama a mais de fertilizante. Essa é uma realidade possível de ser alcançada graças a uma nova tecnologia que está em desenvolvimento no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), na USP: a gaseificação do bagaço e da palha de cana de açúcar.

Bagaço e palha são produzidos em larga escala no Brasil: para cada tonelada de cana produzida, são gerados 140kg de bagaço seco e 140kg de palha seca. Porém, parte do bagaço e quase a totalidade da palha são desperdiçados atualmente. A tecnologia de gaseificação, em desenvolvimento no IPT, consiste em converter a biomassa desperdiçada em um gás síntese, com alto teor de monóxido de carbono (CO) e hidrogênio (H2). A partir desse gás uma série de produtos pode ser gerada, como amônia (fertilizante), diesel, gasolina, metanol e o próprio etanol, o que explica o aumento da produção sem aumentar a área de plantação da cana.

Atualmente, o IPT trabalha para desenvolver um gaseificador adequado à biomassa proveniente da cana. “No exterior já existem protótipos, mas eles não testaram bagaço e palha. Testaram apenas outras biomassas, como palha de trigo ou serragem de madeira européia”, explica o pesquisador Ademar Ushima, responsável pela parte técnica da nova tecnologia.

Laboratório teste
Para comprovar a eficácia do equipamento em desenvolvimento pretende-se construir uma unidade piloto para testes de longa duração em Piracicaba. As negociações para a instalação desse centro de gaseificação começaram há um ano e envolvem o governo de São Paulo, a prefeitura de Piracicaba, órgãos do governo, como BNDES, FINEP, FAPESP, Ministério da Ciência e Tecnologia, e empresas privadas. A previsão para conclusão das negociações é de aproximadamente um ano.

O principal entrave ao desenvolvimento do projeto é o grande volume de recursos que ele exige: só para instalar a planta piloto, estima-se que o investimento seja de R$ 60 a 70 milhões. “No Brasil, diferentemente do que acontece nos EUA e na Europa, tanto as empresas privadas, quanto os órgãos governamentais não têm a cultura de lidar com pesquisas de alto valor”, afirma Ushima, que prevê a existência de uma unidade comercial em operação e viável economicamente em aproximadamente 10 anos. “Isso com muito esforço e colaboração”, completa.

Do sólido ao gás
A transformação do bagaço e da palha em um gás se dá ao colocá-los em um ambiente com altas temperaturas e oxigênio. Isso provoca a decomposição da biomassa, que se transforma em um gás rico em monóxido de carbono (CO) e hidrogênio (H2), componentes elementares para a construção de qualquer composto orgânico, inclusive álcool.

Competitividade
O etanol gerado pela gaseificação da biomassa (tecnologia de segunda geração) deverá chegar ao mercado com um preço mais elevado que o produzido por tecnologias já existentes (de primeira geração). “Com o efeito estufa, entretanto, o uso de combustíveis renováveis terá um incentivo muito maior. Os dois alcoóis terão mercado”, tranqüiliza o pesquisador, que atenta para a importância do álcool produzido ser renovável: “Na China, utiliza-se carvão mineral para produzir álcool, mas este não é renovável por ser proveniente de um combustível fóssil”.

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