São Paulo (AUN - USP) - Medições do Instituto Oceanográfico da USP, na base de pesquisas em Cananéia, indicam que o nível do mar está subindo 4mm por ano. Outras medições ao longo da costa brasileira também medem um crescimento nos valores médios anuais do nível do mar.
O nível do mar pode sofrer variações influenciadas por diversos fatores, como, salinidade, temperatura, correntes, pressão atmosférica, densidade da água, influencias astronômicas, e movimentos da crosta. A base de Cananéia consegue medir quase todas essas variações, e calibrá-las para calcular as mudanças do nível do mar com maior precisão.
Com as medições em Cananéia, os pesquisadores do Instituto descobriram que a crosta terrestre está abaixando 2mm por ano, sendo responsável por metade do aumento do nível do mar. Segundo o professor do instituto, Afrânio Rubens de Mesquita, “sabe-se que o magma está se movimentando embaixo da crosta, e acredita-se que com o degelo polar, o peso sobre a crosta nos pólos está menor, e por isso o magma está se deslocando dos trópicos para os pólos.”
Dois tipos de medições não podem ser feitos na base de Cananéia, são as medições respectivas às variações de densidade e salinidade, e às de temperatura. Estas medições só podem ser realizadas em navios oceanográficos, mas o IO-USP ainda não possui os recursos suficientes para a instalação de bóias e para as viagens do navio que mediriam essas variações. “Com estas medições, nós poderíamos realmente entender o que está influenciando o nível do mar”, relembra Afrânio.
A falta de dados também atrapalha o estudo do chamado Enigma Global. Medições da Unesco pelo sistema Gloss (Global Sea Level Observation System) mostram que em muitos locais do globo o nível do mar está diminuindo. “Somando todas as medições, o que se obtêm é um resultado negativo, que diz que a maré está abaixando, ao contrário das medições do IPCC, mas não existe nenhum outro dado que explique isso ainda”, explica Afrânio.