São Paulo (AUN - USP) - Em sua quarta edição, o Seminário de Cuidado à Saúde Infantil trouxe aos enfermeiros novidades da área. Pesquisas de diversas universidades foram apresentadas na Escola de Enfermagem da USP (EE) recentemente. Foram abordados temas como métodos de estudo, uso de brinquedos terapêuticos, e a automedicação de crianças, entre outros. Em todas as apresentações, houve tempo reservado para debate, no qual os assuntos foram discutidos e percepções, trocadas.

Criado em 1995, o grupo de pesquisa “Cuidado à Saúde Infantil” é coordenado pelas professoras Magda Andrade Rezende e Maria De La Ó Ramallo Veríssimo. O evento surgiu como forma de divulgar os trabalhos do grupo, trazer novidades da área e agregar conhecimento na área de pesquisa em geral. Motivo pelo qual, às 8 horas, uma sala da biblioteca da EE estava cheia de pessoas lendo um conto de Machado de Assis, algo aparentemente sem relação com enfermagem, mas que está relacionado à produção científica.

A primeira atividade do evento contou com a participação da professora Elizabeth Leuba Salum, da FFLCH (Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP). Usando o conto “O cônego ou metafísica do estilo”, Elizabeth explicou como o processo de leitura pode ser difícil. Domar as distrações é uma tarefa árdua, que exige esforço. Segundo a professora, preparar-se para ler é importante, embora seja uma técnica pouco utilizada pela maioria das pessoas: pensar no que se sabe a respeito do assunto tratado, qual seu objetivo como leitor, o que se procura no texto. A leitura do texto foi feita em partes, explicando-as e relacionando-as uma a uma com a produção científica. Uma oficina foi realizada depois para que os participantes do evento pudessem colocar em prática o que haviam aprendido com a professora.

As pesquisas exibidas mais tarde eram provenientes de diversas universidades e trataram de assuntos variados. Alunas do próprio grupo falaram sobre a experiência de se fazer um grupo de estudos para assimilar os conteúdos estudados. Na forma de encontros quinzenais, cerca de sete pesquisadores se reuniam durante duas horas para discutir e estudar temas relacionados ao grupo, que iam surgindo durante os encontros. Segundo eles, a leitura dos textos, a criação de mapas conceituais e a realização de seminários foram experiências muito interessantes.

A pesquisadora Tânia Maria Coelho Leite, da UNICAMP, falou sobre sua tese de Doutorado, recém iniciada. Ela estudará o processo de trabalho do enfermeiro com crianças hospitalizadas e porque o uso de brinquedos terapêuticos não é uma prática comum. “Meu objetivo é propor um modelo de cuidado em que o brinquedo terapêutico esteja incluído.”

Vinda do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste MG), a graduanda Josivieli Lopes da Silva falou sobre o método canguru – forma de segurar o bebê, com contato pele a pele, com o rosto da criança sobre o peito do adulto. Seu trabalho de conclusão de curso tratou da percepção dos enfermeiros de Estratégia Saúde da Família, da prefeitura de Ipatinga (MG), acerca do método. Apesar de conhecerem o método e suas vantagens, achavam que a aceitação da comunidade seria confusa, caso ele fosse implantado na rede pública de saúde. O método canguru traz vários benefícios para mãe e bebê, tais quais: aumento do vínculo afetivo, maior volume de amamentação, desenvolvimento mais rápido da criança e alta hospitalar precoce.