ISSN 2359-5191

14/12/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 118 - Saúde - Instituto de Psicologia
Tratamento beneficia crianças com enurese

São Paulo (AUN - USP) - O tratamento com alarme para a enurese (urinar na cama) desenvolvido por um grupo de pesquisa do Instituto de Psicologia (IP) da USP já atendeu mais de 300 crianças, com eficácia entre 60% e 70% dos casos. Rodrigo Fernando Pereira, pós-doutorando do Departamento de Psicologia Clínica, participa do projeto guiado pela professora Edwiges Ferreira de Mattos Silvares e afirma que metade das pessoas nem sabe que pode fazer tratamento. “A enurese traz um impacto [emocional] para a criança, então, na maior parte dos casos, a criança de fato tem problema de comportamento e é ansiosa, mas por causa da enurese e não o contrário”, comenta, contrariando a crença comum, frequente também na opinião de alguns pais, de que a enurese teria causas puramente “emocionais”.

Segundo Pereira, não se sabe ao certo como se dá a falha no processo de aquisição de controle vesical, mas é possível que haja um componente hereditário envolvido. Algumas pesquisas associam a enurese a algum problema de maturação do sistema nervoso, mas não há consenso. Há dois tipos de enurese: o primeiro, e mais comum, é aquele no qual a criança nunca teve controle sobre a enurese, enquanto o segundo diz respeito à uma criança que já teve controle, mas agora perdeu. “Esse segundo tipo de enurese geralmente tem um componente emocional, que pode ser desde o nascimento de um irmão até mudança de escola”, explica.

O tratamento oferecido pelo grupo de pesquisa, entretanto, tem como principal foco a enurese do primeiro tipo. “Quanto mais nova a crianca, maiores as chances de ela fazer xixi na cama. A gente considera a enurese um problema a partir dos 5 anos de idade”, comenta. “Lá pelos 7 anos, a prevalência na população de crianças dessa idade é cerca de 10%”.

O sistema de alarme foi desenvolvido em conjunto com a Escola Politécnica da USP, que consegue identificar quando a criança está molhada. “O alarme é um sistema que vai na roupa ou na cama da criança. Toda vez que ela faz xixi, ele toca ou vibra”, explica Pereira. “Com o tempo, ocorre um processo de esquiva: a criança vai se esquivando de fazer o alarme tocar, ela começa a discriminar quando a bexiga está cheia ou ela acorda antes de perder o xixi”. Como a perda é involuntária, a criança não consegue aprender a controlar conscientemente.

O grupo de pesquisa da professora Edwiges existe desde 1992 e passou a receber apoio da Fapesp e do CNPq mais recentemente. Ele trabalha em conjunto com outras entidades, como o Instituto da Criança da Faculdade de Medicina da USP e a Faculdade de Medicina do ABC. Há também tratamento com uma medicação que controla a enurese, mas ele não é curativo. Pereira explica: “A medicação funciona pontualmente, ele não é curativo. As crianças que fazem xixi na cama geralmente tem um aumento da produção de urina durante a noite, mais do que o normal”. O remédio aumentaria a produção de hormônio antidiurético, mas não acaba com o problema a longo prazo.

Para obter tratamento, a pessoa interessada pode se inscrever pelo telefone 3091-1961, no horário comercial. O grupo de pesquisa faz o cadastro da família e envia alguns questionários pelo correio para que sejam preenchidos e enviados de volta. Depois disso, as crianças passam por uma triagem no Hospital das Clínicas, na qual elas passaram por atendimento médico, psicológico e fisioterapêutico. O acompanhamento do tratamento por alarme é feito à distância e pode durar até 6 meses, mas pode ser interrompido com 3 meses se não estiver mostrando resultados. O tratamento é oferecido para qualquer indivíduo, a partir dos 5 anos de idade.

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