ISSN 2359-5191

16/04/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 19 - Meio Ambiente - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Pesquisadores propõem uso integrado de fontes de energia renováveis
Palestra discute exploração de energias limpas e propõe integração das redes de distribuição

São Paulo (AUN - USP) - No último mês de março, o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP sediou uma palestra sobre energias limpas. O evento apresentou futuras perspectivas de exploração de energia com baixo impacto, além de projetos em andamento na área.

Uma das principais propostas apresentadas foi a integração do sistema energético nacional, incluindo as diferentes fontes disponíveis. Onde quer que houvesse abundância de radiação solar, por exemplo, a eletricidade seria gerada por meio dela, enquanto as hidrelétricas seriam poupadas para quando se fizessem necessárias. As regiões poderiam, também, escoar seus excedentes a áreas com déficit. A ideia foi apresentada por Márcio Maia Vilela, pós-doutorando em Energia pelo Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, que cita como exemplo a crise de 2001, que quase resultou em um apagão. À época, a região Sul apresentava superávit energético, mas não pôde suprir as demandas do resto do País porque as redes de distribuição não estavam conectadas.

Além de eletricidade, Vilela propõe o aproveitamento da radiação solar para a geração direta de calor. Ele cita uma pesquisa da PUC de Minas Gerais que analisa a eficiência do uso de energia termelétrica (responsável por cerca de 20% da eletricidade do País) para o aquecimento de água. Segundo o estudo, as perdas durante a geração, transporte, distribuição e uso da eletricidade em aquecedores resultam num desperdício de 96% da energia disponível. Para ele, o uso do calor solar seria ?muito mais racional? para esse mesmo fim.

Outra fonte de energia ainda pouco explorada, mas de grande potencial, são os mares. Segundo Rafael Malheiro da Silva do Amaral, engenheiro civil, pós-graduado em Energia Oceânica, marés e ondas são capazes de gerar, no Brasil, 14 GW, o equivalente à usina de Itaipu. Ele aponta ainda a proximidade do mercado consumidor. "De 70 a 80% da população estão próximos ao litoral", afirma.

?As ondas e as marés diferem basicamente em relação às suas forças de geração e restauração e às suas escalas temporais e espaciais?, explica Malheiro. As marés, criadas pela ação dos ventos, ?possuem ciclos da ordem de 12 e 24 horas e comprimentos do tamanho do próprio oceano?, explica. Os estados mais promissores no campo são o Amapá, o Pará e o Maranhão, onde já está sendo avaliada a instalação de uma usina maremotriz no rio Bacanga, em São Luís.

As ondas, geradas pela ação dos ventos, seguem ciclos de 5 a 15 segundos e têm comprimentos de 80 a 200 metros. Segundo Vilela, essa nova fonte de energia tem enorme potencial de exploração em nosso país. ?Para o aproveitamento energético, os locais devem apresentar alturas significativas de onda acima de 1 metro, o que virtualmente acontece em toda a costa brasileira?, avalia o engenheiro.

Malheiro participou do projeto de implantação da primeira usina de ondas da América Latina, no Porto do Pecém, Ceará. O local foi escolhido devido à maior estabilidade de suas ondas. ?As regiões Sul e Sudeste apresentam ondas com maiores alturas e períodos, portanto mais energéticas?,explica Malheiro. ?As regiões Norte e Nordeste apresentam ondas mais modestas, porém constantes ao longo do ano.? As ondas de 4 metros registradas na região Sul exigiriam equipamentos mais resistentes e, portanto, mais caros. Porém, essas super-ondas ocorrem apenas em épocas marcadas do ano e não seriam aproveitadas pela usina.

Desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o projeto utiliza a força das ondas para impulsionar uma bomba que movimenta uma quantidade armazenada de água doce. Essa tecnologia exige pouco espaço para a construção do reservatório. A água usada no sistema é tratada, a fim de evitar a corrosão dos equipamentos, e não entra em contato com o mar.

Malheiro destaca ainda a pressão de 57 bar (mais ou menos igual a 57 vezes a pressão atmosférica) acumulada durante o processo. Esse valor é duas vezes maior que a pressão necessária para extrair o sal do mar. O engenheiro oceânico cita como exemplo Fernando de Noronha, cuja atividade de dessalinização consome 20% do diesel da termelétrica local. ?No nosso sistema, bastariam seis braços (aparelho responsável por acionar a bomba da usina) para alimentar a ilha inteira de água.? A ideia seria usar o período da madrugada, de baixa demanda por eletricidade, para dessalinizar e armazenar água.

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